ATA DA QÜINQUAGÉSIMA NONA
SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 09.08.1999.
Aos nove dias do mês de
agosto do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze
horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Carlos Alberto Garcia, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Guilherme Barbosa, João
Bosco Vaz, João Carlos Nedel, João Dib, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz
Braz, Paulo Brum e Renato Guimarães. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
Vereadores Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Décio Schauren,
Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gilberto Batista, Helena Bonumá, Hélio
Corbellini, Isaac Ainhorn, João Motta, José Valdir, Maristela Maffei, Nereu
D’Ávila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos, Sonia Saraí e
Tereza Franco. Constatada a existência de "quorum", o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos
de cópias da Ata da Terceira Sessão Extraordinária, que deixou de ser votada
face à inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo
Vereador Carlos Alberto Garcia, 01 Pedido de Providências e o Projeto de Lei do
Legislativo nº 121/99 (Processo nº 2518/99); pelo Vereador Gilberto Batista, o
Projeto de Lei do Legislativo nº 119/99 (Processo nº 2456/99); pelo Vereador
Guilherme Barbosa, o Substitutivo nº 02 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 34/99
(Processo nº 1248/99); pela Vereadora Helena Bonumá, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 118/99 (Processo nº 2444/99); pelo Vereador João Bosco Vaz, 02
Pedidos de Providências, o Projeto de Resolução nº 37/99 (Processo nº 2448/99)
e os Projetos de Lei do Legislativo nºs 101 e 120/99 (Processos nºs 2147 e
2459/99, respectivamente); pelo Vereador Jocelin Azambuja, 02 Pedidos de
Providências e 02 Emendas ao Projeto de Lei do Executivo nº 31/98 (Processo nº
2798/98). Do EXPEDIENTE constou o Ofício s/nº, da Senhora Andréa Garcia,
Coordenadora da Equipe de Apoio Operacional aos Conselhos Tutelares. Em
continuidade, foi apregoado Requerimento do Vereador Eliseu Sabino, solicitando
Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente
declarado empossado na vereança o Suplente Jocelin Azambuja, informando que Sua
Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. A seguir, o
Senhor Presidente registrou as presenças dos Senhores Francisco Neto de Assis e
Lucia Elbern, representantes da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e
Tecidos - ADOTE, e concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Francisco
Neto de Assis, que discorreu acerca do trabalho desenvolvido pela entidade que
representa no sentido conscientizar a comunidade acerca da problemática da
doação de órgãos, tecendo considerações sobre dados atinentes ao número de
doações e transplantes realizados no Estado e no País. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador João Bosco Vaz,
ao mencionar transplante de órgãos sofrido por familiar de Sua Excelência,
ressaltou a importância da realização de campanhas informativas mais
abrangentes, visando a esclarecer a população sobre os benefícios sociais
trazidos pelo ato da doação de órgãos e tecidos, declarando que tais campanhas
proporcionarão o aumento no número de doações e possibilitarão que muitas vidas
sejam salvas através da prática de transplantes. Na ocasião, nos termos do
artigo 206 do Regimento, os Vereadores João Carlos Nedel, Carlos Alberto
Garcia, Elói Guimarães, Luiz Braz, Renato Guimarães, Cláudio Sebenelo e Clênia
Maranhão manifestaram-se acerca do assunto abordado em Tribuna Popular, e o
Senhor Presidente informou a realização, a seguir, de coquetel promovido pela
ADOTE nas dependências do Salão Glênio Peres. Às quatorze horas e quarenta e um
minutos, os trabalhos foram suspensos, nos termos regimentais, sendo retomados
às quatorze horas e quarenta e três minutos, constatada a existência de
“quorum”. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell comentou visita feita por Sua
Excelência, juntamente com o Senhor Hideraldo Caron, Diretor-Geral do
Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem - DAER, à Estação Rodoviária de
Porto Alegre, com o objetivo de verificar as condições de funcionamento dessa
Estação, principalmente no que se refere ao aspecto físico do prédio e aos
horários de atendimento do setor de encomendas, destacando a necessidade de
implementação de medidas que assegurem um atendimento mais adequado ao público.
Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o transcurso, hoje, do aniversário do
Vereador Guilherme Barbosa, solicitando ao Vereador João Dib que, em nome da
Casa, procedesse à entrega de lembrança ao Vereador aniversariante. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Gilberto Batista relatou visita realizada por Sua
Excelência a vilas situadas no Bairro Sarandi, apontando as dificuldades enfrentadas
pelos moradores dessas áreas no que diz respeito à infra-estrutura colocada à
disposição daquelas comunidades, criticando a precariedade dos serviços de saúde,
limpeza urbana e segurança pública existentes na região e solicitando providências,
por parte do Executivo Municipal, no sentido de buscar soluções para esses
problemas. O Vereador Guilherme Barbosa, ao reportar-se a notícias veiculadas
na imprensa no dia sete de agosto do corrente, manifestou-se quanto à construção
da Usina Hidrelétrica de Dona Francisca, analisando dados técnicos referentes
ao processo licitatório realizado para a efetivação dessa obra, especialmente
em relação ao reassentamento das famílias que habitam o local, e discorrendo
sobre o aumento da capacidade de produção de energia elétrica que essa Usina
propiciará ao Rio Grande do Sul. A Vereadora Helena Bonumá comentou dados
relativos a documento intitulado "Passe Livre do Cidadão", o qual é
patrocinado por entidades voltadas à defesa dos direitos humanos e que contém
informações básicas necessárias à preservação dos direitos individuais de
cidadania. Também, referiu-se a estudo do Departamento de Ciências Econômicas
da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul - UFRGS e divulgado através da imprensa, relativo à instalação de
uma montadora de automóveis da Empresa Ford no Estado. O Vereador João Carlos
Nedel condenou teor de notícias veiculadas no rádio e na televisão através de
peça publicitária intitulada "Cidade Viva", referentes a obras de
limpeza e desassoreamento do Arroio Mangueira, registrando que as informações divulgadas
não correspondem à real situação do local. Ainda, teceu considerações a
respeito de posicionamentos ideológicos professados por parte dos integrantes
do Partido dos Trabalhadores e manifestou sua contrariedade à realização de
Sessão Solene em homenagem à Revolução Cubana. O Vereador Lauro Hagemann, ao
reportar-se a informações divulgadas pela imprensa, de atraso nas obras de ampliação
do Aeroporto Internacional Salgado Filho, declarou estar apreensivo com a
situação enfrentada pelos moradores das vilas próximas ao local, os quais
deverão ser transferidos para outros pontos da Cidade. Também, salientou a
necessidade de agilização dos processos de estudo e planejamento técnicos com
vistas à remoção e realocação das famílias que residem nas proximidades desse
Aeroporto. O Vereador Jocelin Azambuja referiu-se a Projeto de Lei de sua
autoria, que concede aos acompanhantes de crianças com idade de cinco a dez
anos de idade a possibilidade de compra de passagens escolares junto ao sistema
de transporte coletivo urbano de Porto Alegre, comentando os objetivos
propostos por Sua Excelência através desse Projeto e comparando dados relativos
à concessão de transporte escolar gratuito para os estudantes de Porto Alegre e
de outros Municípios gaúchos. Na ocasião, foi apregoada a Subemenda nº 01, de
autoria do Vereador Antonio Hohlfeldt, à Emenda nº 16 aposta ao Projeto de Lei
do Executivo nº 09/99 (Processo nº 1837/99). Em PAUTA, Discussão Preliminar,
estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 96/99, discutido
pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia e Juarez Pinheiro, 97/99, discutido pelo
Vereador Juarez Pinheiro, 102/99, discutido pelo Vereador Carlos Alberto
Garcia, 98, 103, 104, 105, 106, 109, 110, 111 e 113/99, estes discutidos pelo
Vereador João Carlos Nedel, 114 e 115/99, este discutido pelo Vereador João
Dib; os Projetos de Resolução nºs 29, 32/99, este discutido pelo Vereador Adeli
Sell, 33, 34, 35/99, este discutido pelos Vereadores João Dib e Juarez
Pinheiro, 41/99, este discutido pelo Vereador João Dib; em 2ª Sessão, o Projeto
de Resolução nº 42/99; em 5ª Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº
03/99, discutido pelo Vereador Juarez Pinheiro. Na ocasião, o Vereador José
Valdir formulou Requerimento verbal, solicitando fosse providenciado o conserto
de banheiros localizados no segundo pavimento desta Casa. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador João Dib manifestou-se a respeito do Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 10/97, que institui o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre, destacando a necessidade de
implementação, através desse Projeto, de diretrizes básicas que permitam um
desenvolvimento organizado da Cidade para os próximos anos. Ainda, criticou o Executivo
Municipal pelos critérios adotados para a concessão de direito real de uso de
áreas desafetadas pelo Poder Público em Porto Alegre. O Vereador Cláudio
Sebenelo analisou dados relativos ao volume de recursos federais destinados ao
Estado e ao Município para a manutenção dos serviços prestados pelo Sistema
Único de Saúde – SUS, ressaltando que todos os repasses de verbas decorrentes
da edição de Portarias do Ministério da Saúde têm sido feitos em dia. Também,
teceu críticas à atuação do Partido dos Trabalhadores na administração do
Estado e comentou aspectos atinentes à construção da Usina Hidrelétrica de Dona
Francisca. Na oportunidade, foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos
pelo Senhor Presidente, solicitando votação em destaque de matérias constantes
do Projeto de Lei do Executivo nº 09/99 (Processo nº 1837/99): de autoria do
Vereador Antonio Hohlfeldt, com relação à expressão “organizada ou não”,
constante no artigo 3º, com relação à expressão “radicalmente”, constante no
item II - Educação do Anexo (2ª meta), com relação à expressão “e
participativa”, constante no item II - Educação do Anexo (7ª meta), com relação
ao § 1º do artigo 11, com relação à Emenda nº 16 e respectiva Subemenda nº 01 e
com relação à Emenda nº 17; de autoria do Vereador Carlos Alberto Garcia, com
relação à Emenda nº 54; de autoria da Vereadora Clênia Maranhão, com relação às
Emendas nºs 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62 e 63; de autoria do Vereador Eliseu
Sabino, com relação à Emenda nº 14; de autoria do Vereador Fernando Záchia, com
relação à Emenda nº 40; de autoria do Vereador João Carlos Nedel, com relação
às Emendas nºs 25 e 46; de autoria do Vereador João Dib, com relação às Emendas
nºs 02, 03, 05, 09, 10 e 11; de autoria do Vereador Paulo Brum, com relação à
Emenda nº 21. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Renato Guimarães discorreu
acerca dos repasses de verbas realizados pelo Governo Federal para a manutenção
do Sistema Único de Saúde – SUS em Porto Alegre, afirmando que os valores
desses repasses não sofreram reajuste, apesar do aumento no número de
atendimentos nos hospitais da rede pública da Cidade. Também, comentou o
trabalho do Executivo Municipal no sentido de implantar políticas de regularização
fundiária em Porto Alegre. O Vereador Gilberto Batista manifestou-se a respeito
das verbas destinadas pelo Governo Federal para financiar os serviços do SUS em
Porto Alegre. Teceu considerações acerca da situação jurídica de vilas
localizadas na Zona Norte da Cidade, denunciando não estarem essas vilas
devidamente regularizadas. Ainda, comunicou a realização, no dia vinte e nove
de agosto do corrente, de reunião com representantes do Departamento Municipal
de Habitação – DEMHAB, a fim de discutir a regularização da Vila Nova Brasília.
O Vereador Luiz Braz pronunciou-se sobre as políticas de regularização
fundiária adotadas pelo Executivo Municipal, bem como a respeito das obras
públicas em andamento em Porto Alegre, comparando dados relativos aos investimentos
realizados nessas áreas pela administração do Partido dos Trabalhadores e por
administrações anteriores e destacando que a Constituição Federal estabelece
maiores possibilidades de arrecadação tributária aos municípios. Também,
manifestou-se contrariamente aos gastos da Prefeitura Municipal com
publicidade. O Vereador Carlos Alberto Garcia, ao salientar a importância das
discussões relativas ao Projeto de Lei do Executivo nº 09/99, que estabelece as
Diretrizes Orçamentárias do Município de Porto Alegre para o ano dois mil, comentou
teor de Emenda aposta por Sua Excelência a este Projeto, a qual dispõe sobre a
utilização dos espaços dos estabelecimentos municipais de ensino, durante os
finais de semana, para o lazer da comunidade, enfatizando os benefícios que a
aprovação desta Emenda poderá trazer à população da Cidade. A seguir, constatada
a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento
verbal do Vereador João Motta, solicitando alteração na ordem de apreciação da
matéria constante na Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o
Projeto de Lei do Executivo nº 09/99, juntamente com as Emendas nºs 01, 06, 07,
08, 13, 15, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 37,
38, 39, 41, 42, 43, 44, 45, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 64, 65, 66 e 67, e as
Subemendas de nº 01 à Emenda nº 07, de nº 01 à Emenda nº 26, de nº 01 à Emenda
nº 30, de nº 01 à Emenda nº 32, de nº 01 à Emenda nº 38, de nº 01 à Emenda nº
44, de nº 01 à Emenda nº 49, e de nº 01 à Emenda nº 52, por vinte e um votos
SIM e duas ABSTENÇÕES, após ser discutido pelos Vereadores Adeli Sell, João
Dib, Luiz Braz, Jocelin Azambuja, José Valdir, Juarez Pinheiro, Antonio
Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Renato Guimarães, Cláudio Sebenelo, Carlos Alberto
Garcia e Elói Guimarães, em votação nominal solicitada pelo Vereador Nereu
D'Ávila, tendo votado SIM os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos
Alberto Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Gilberto Batista,
Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Motta,
Jocelin Azambuja, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maristela
Maffei, Paulo Brum, Renato Guimarães, Sônia Santos e Sonia Saraí e tendo optado
pela Abstenção os Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal. Durante a
apreciação do Projeto de Lei do Executivo nº 09/99, a Vereadora Sônia Santos
cedeu seu tempo de discussão ao Vereador João Dib. Às dezoito horas e dezenove
minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente
declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Juarez Pinheiro, Paulo Brum e Adeli
Sell e secretariados pelos Vereadores Adeli Sell e Isaac Ainhorn. Do que eu,
Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Passamos à
TRIBUNA POPULAR
O
Ver. Eliseu Sabino solicita licença para tratamento de saúde no dia de hoje,
09.08.1999.
(Obs.:
Foi apregoado o Requerimento de licença do Ver. Eliseu Sabino e dada posse ao
Suplente, conforme consta da Ata.)
Registramos
a presença do Sr. Francisco Neto Assis e da Sra. Lucia Elbern.
O
Sr. Francisco Neto de Assis, representando a Aliança Brasileira pela Doação de
Órgãos e Tecidos - ADOTE, está com a palavra, pelo tempo regimental.
O SR. FRANCISCO NETO DE ASSIS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Antes
de mais nada, gostaria de apresentar-me, até para justificar o sotaque daqui
para frente, porque apesar de morar há mais de vinte anos no Rio Grande do Sul,
sou de outro Rio Grande, Rio Grande do Norte.
Em
segundo lugar, estou aqui representando a Aliança Brasileira pela Doação de
Órgãos e Tecidos, que é uma organização não-governamental fundada,
recentemente, em Pelotas/RS, que tem a finalidade fundamental de encorajar a
população a participar da discussão e da problemática do transplante. Em outra
instância, o objetivo final da ADOTE é promover a doação de órgãos, favorecendo
não só o indivíduo que está em lista de espera, mas, também, a sociedade como
um todo, além dos centro de transplantadores.
Por
que a ADOTE? Porque, em primeiro lugar, nenhum de nós aqui presente está livre
da possibilidade de precisar de um órgão transplantado. Em segundo lugar,
transplante é um tratamento médico, talvez o único tratamento que depende da
participação ativa da sociedade para que ela mesma seja beneficiada. A
sobrevivência de uma pessoa depende, muitas vezes e na maioria das vezes, da
morte de outro, então, depende da sociedade. Existem mais de 25 mil brasileiros
na lista esperando transplantes e essa lista continua crescendo e o número de
doadores não. Menos de 10% dessa lista é atendida a cada ano e a defasagem
entre a oferta e a demanda de órgãos para transplante resulta, basicamente, da
falta de informação da população de um modo geral. Essas são as razões da
existência da ADOTE, uma associação com abrangência nacional, com secções
regionais, que se está instalando também em outros estados. Há quase um ano
temos a associação regional em São Paulo, e estão em fase de instalação as
associações no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
A
ADOTE está organizada com um conselho consultivo, o que lhe dá um lastro
importante, já que está formado por universidades, como as de Pelotas, onde
fica a sede da ADOTE - a Federal e a Católica -; pela ABTO - Associação
Brasileira de Transplantes de Órgãos -; pelo Lions, pelo Rotary, pelo Conselho
Regional de Medicina, pela OAB e pelo Sindicato dos Jornalistas.
Como
eu falei, a missão fundamental da ADOTE é promover a doação de órgãos e
aumentar o número de transplantes. Para a ADOTE cumprir a sua missão, nós
atuamos em qualquer espaço que se disponibilize: na imprensa, no rádio, na
tevê, em jornais. Neste exato momento, nós estamos divulgando informações sobre
essa questão.
A
área de atuação sobre a qual está a nossa ênfase, atualmente, é aquela de
detectar os problemas que resultam na baixa notificação de doadores na rede
hospitalar. Notificação, para lembrar, é aquele processo simples pelo qual o
hospital, ao detectar a existência de um provável doador, faz uma ligação
telefônica para uma central de transplantes e desencadeia o processo.
As
estatísticas mundiais mostram que a prevalência de doenças ou causas
circunstanciais que levam a essa situação de um provável doador, com morte
encefálica, indicam que existem de sessenta a setenta prováveis doadores por
milhão de pessoas/ano. Se transportarmos esses números para a população do Rio
Grande do Sul, nós poderemos verificar que existem de quinhentos e cinqüenta a
seiscentos prováveis doadores por ano, o que é um número razoável, mas quando
se compara com as notificações efetivas, chega-se a um dado bastante drástico.
Em 1998, no Rio Grande do Sul, por exemplo, foram feitas cento e cinqüenta e
seis notificações. Isso representa mais ou menos um quarto do que poderia ter
existido. Dessas 156 apenas 65 tornaram-se doadoras efetivas. Essas 65
representam 40%, os demais 60% deixaram de doar, viabilizar um transplante por
duas razões, as duas são as fundamentais: a metade por contra-indicação médica
- um dado perfeitamente aceitável - a outra metade, em torno de 30%, por falta de
autorização da família, que é uma coisa que podemos discutir.
Então,
o índice de eficiência de notificação no Rio Grande do Sul é muito baixo.
Acreditamos que este cenário pode ser mudado com algumas medidas, porque as
autoridades internacionais demonstram que é possível viabilizar, como efetivos,
até cerca de 27% de doadores por milhão da população/ano. No Rio Grande do Sul
este índice está em torno de 6,8%, e 3,2% no Brasil como um todo, que é um
índice insignificante, quando se compara com a média européia que está em torno
de 15%, em alguns países chega a 25%.
Então,
duas medidas seriam fundamentais para aumentar esse índice, elevá-lo, pelo
menos, à média européia, a curto prazo: uma de natureza educacional, que seria
a redução da recusa familiar; e outra de estrutura organizacional que depende
mais do poder público do que da sociedade comum.
Três
cenários aparecem. Em primeiro, se anularmos a recusa familiar, o que é utopia,
em 1998 a recusa foi de 29%, se permanecer zero de recusa, elevaríamos a doação
efetiva para algo em torno de 11,5% por milhão da população. Não atingiríamos
os 15% da média européia. Isso não é possível, porque mesmo os dados, mesmo dos
países organizados, demonstram que existe uma recusa familiar entre 10 e 20%, é
o que se pretende chegar aqui.
Outra
situação seria manter a recusa nos padrões de 1998 e aumentar acentuadamente a
notificação. Mas para se atingir este nível de 15 pmp, precisaríamos aumentar a
notificação em torno de 118%, que é um esforço, talvez, incomum nas atuais
circunstâncias.
Então,
o caminho mais correto seria reduzir a notificação para os padrões
internacionais em torno de 20% e aumentar a notificação. Se a redução da recusa
for em torno de 20%, o aumento da notificação para que se atinja o índice de
quinze pmp seria da ordem de 80%, o que seria perfeitamente razoável. Nós
aumentaríamos a notificação de 156, de 1998, para 281, o que dá, mais ou menos,
a metade dos prováveis doadores que existem, segundo as estatísticas.
A
questão que trazemos é essa: como aumentar o número de transplantes, aumentando
a doação, com a potencialidade de doadores que as estatísticas indicam e com a
estrutura de equipes e hospitais já existentes? Nós acreditamos que a Câmara
Municipal pode ter um papel importante no sentido de estimular o aumento da
notificação, pelo menos nos hospitais ligados ao Município.
Era
essa a exposição que eu queria fazer. Coloco-me à disposição para qualquer
manifestação. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a intervenção do Sr.
Francisco Neto de Assis, que é o Presidente Nacional da ADOTE, a quem
convidamos para fazer parte da Mesa.
O
Sr. João Bosco Vaz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu sou
um doador de órgãos, e o sou em função, até, de experiência própria e muito
sofrida havida em minha família.
Há
vinte anos, falar em transplante era falar em algo quase absurdo. Minha irmã
veio a Porto Alegre para fazer um exame, onde foi constatado que ela tinha um
problema renal crônico.
Minha
família, que veio para ficar dois ou três dias, ficou um ano acompanhando minha
irmã, levando-a, quase que diariamente, ao hospital para fazer hemodiálise, que
há vinte anos não existia em Bagé, em Pelotas, não havia nas cidades próximas
do nosso município. Sofremos muito com aquilo, e só nos damos conta de fatos
como esse quando eles atacam alguém próximo a nós, porque, até então, problema
renal, problema de transplante de coração parece que só acontecia com os outros.
Graças a Deus, minha irmã já está com essa sobrevida de vinte anos, tem um
filho maravilhoso e segue tomando aquelas drogas para não-rejeição do rim
transplantado.
Mas
o que me toca profundamente é o fato de que as famílias de pessoas que
necessitam de um transplante, ou são completamente ignorantes com relação ao
que é o transplante ou são completamente ignorantes sobre o que elas podem
fazer para ajudar aquele familiar que está doente e que precisa de um órgão. O
rim que salvou a vida da minha irmã, há vinte anos, foi um rim doado pela minha
mãe, que hoje tem 74 anos e está lá, em Bagé, graças a Deus, fazendo tudo
normalmente. Trago esse exemplo, muito particular, para fazer um alerta às
famílias no sentido de que não precisam ter medo, não precisam ter
constrangimento. Devem pensar que inúmeras pessoas estão aguardando um rim, e
na própria família, se for feita uma investigação, se forem feitos os exames,
alguém da família pode doar o órgão e salvar a vida daquele parente.
Sugiro
ao Presidente Nacional da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos
que seja feita uma campanha para esclarecer as famílias da necessidade que elas
têm de também participarem como doadoras e, quem sabe, salvando a vida de um
ente muito próximo, fazendo uma campanha direcionada à família, mostrando os
benefícios, mostrando que não há problema maior, para que não tenham medo e que
possam contribuir no sentido de aliviar a dor, a angústia e o desespero de
muitas e muitas pessoas que estão nessa situação.
Parabéns
pela iniciativa. Deixo aqui a minha contribuição para que uma campanha mais
contundente seja feita para orientar as famílias. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com
imensa tristeza, nós registramos a existência de 25 mil pessoas na lista de
transplantes à espera de órgãos para serem transplantados, a fim de sanarem as
dificuldades de saúde. Lamentamos que esse número aumente a cada ano, mas o
número de doadores diminui ou não aumenta na mesma proporção. A tristeza
continua ao sermos informados de que somente 10% das pessoas que estão na fila
são atendidas anualmente; as restantes 90% continuam aguardando na fila, à
espera de um órgão que poderá lhes salvar a vida. Muitas, até, não agüentam a
espera e acabam falecendo.
O
ilustre Ver. João Bosco Vaz colocou a sua experiência.
Sou
informado de outra tristeza: 49% dos gaúchos que renovaram a carteira de
habilitação em 1998 ou que tiveram carteiras novas emitidas em 1998, 49%
declararam-se contrários à doação de órgãos. Aí está, realmente, a falta de
conhecimento sobre assunto.
Tenho
certeza de que a Câmara de Vereadores saberá bem encaminhar esse assunto. Tenho
certeza de que a nossa Comissão de Saúde proporá campanhas esclarecedoras sobre
esse assunto de imensa importância para os gaúchos e porto-alegrenses. Parabéns
ao ilustre orador que veio nos trazer essa preocupação da saúde da sociedade.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para manifestar-se sobre o tema abordado em Tribuna Popular, conforme
art. 206 do Regimento.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr.
Francisco, Sra. Lúcia, em nome do Partido Socialista Brasileiro, também somos
solidários. Na nossa família, mais especificamente a minha mãe, ela fez
transplante de córnea nas duas vistas. Hoje, é uma senhora com setenta e sete
anos que enxerga muito bem graças à vida de outros. É importante que, cada vez
mais, esse tipo de campanha seja feito em todos os segmentos, mas o
investimento maior ainda tem que ser na esfera educacional, fazendo com que os
jovens sintam esse espírito de solidariedade, e aproximar também este momento
de fim de milênio, que é o momento em que cada vez mais a sociedade está
voltada para o fator, e lembrar-se da importância do outro. Eu sempre digo: o
ser humano não nasceu para viver sozinho, ele precisa dos outros. Essa é uma
causa solidária, é uma causa de todos nós. Portanto, parabéns a todos vocês.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a
palavra, pelo PDT.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Agradeço
ao Presidente antecipadamente. Eu até faria uma Questão de Ordem, Ver. Juarez
Pinheiro, porque a Bancada do PDT se manifestou por cinco minutos. V. Exa. já
me coloca a palavra à disposição. Sou extremamente grato pela interpretação
feita por V. Exa.
Quero
cumprimentar o Sr. Francisco Neto de Assis pela belíssima intervenção e a Sra.
Lúcia Elbern, e dizer da importância dessa missão que as pessoas aqui presentes
desenvolvem.
O
Sr. Francisco usou o termo “encorajar”. Parece-me que aí se encontra a grande
base de um grande trabalho nesse sentido, porque ainda vemos a morte como esse
mistério, como algo tenebroso. É comum, é da nossa cultura, envolve aspectos
religiosos o fato de todos saberem que um dia irão morrer, mas elas nunca
providenciam, por exemplo, um local onde serão enterradas. Mesmo entre as
famílias existe um medo no que respeita a morte. Num primeiro momento, há um
impacto sobre doar tecidos, órgãos. Então, as campanhas são extremamente
importantes, porque mostram que a pessoa continuará sobrevivendo no organismo
de outro ser humano, de um irmão. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra, pelo
PTB, de acordo com o art. 206 do Regimento.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós
queremos agradecer a vinda do Sr. Francisco e da Sra. Lúcia a nossa Casa para
que, através de suas palavras, pudesse haver uma nova conscientização ou um
reforço da consciência sobre a necessidade que todos nós temos em sermos
doadores, de assumirmos esse compromisso com o nosso próximo.
Há
algum tempo, outras pessoas passaram por aqui com esse mesmo objetivo: fazer
com que houvesse essa conscientização, para que essa campanha de doação pudesse
ser reforçada aqui na Câmara Municipal. Mas parece que o tempo passou e tudo
isso foi apagado.
Agora,
com a vinda dos senhores, vejo que renasce esse espírito dentro da Câmara
Municipal, através das palavras do Ver. João Bosco Vaz, através das palavras do
Ver. Carlos Alberto Garcia, pessoas que puderam vivenciar esses problemas na
própria carne ou com seus familiares. Essa vinda dos senhores é altamente
satisfatória, traz alguma coisa que precisávamos muito: reacender no coração de
cada um e, principalmente, através do Canal 16, também nas pessoas que acompanham
a programação da Câmara Municipal essa necessidade de ser solidário, de poder
fazer com que essa campanha de doação de órgãos possa, realmente, ganhar força.
Parabéns aos senhores por essa luta que empreendem através dessa Entidade.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Francisco, Sra. Lúcia, quero, em
nome da Banca do Partido dos Trabalhadores, em primeiro lugar, destacar a
importância de que a ADOTE ocupe esse espaço aqui na Câmara, em outros momentos
também, por exemplo na Comissão de Saúde, para divulgar o trabalho da entidade,
que tem tamanha importância para todos nós. Também é importante que se trabalhe
uma nova cultura - de que a doação de órgãos é muito mais um ato ligado à vida
do que à morte. Primeiro, pelo exemplo dado pelo Ver. João Bosco Vaz de que em
vida pode-se doar e manter a vida, e que a cultura trabalhada por nós, em que
nascemos, crescemos e morremos, que nesse momento da morte pode-se também gerar
a vida. São duas situações que devemos destacar em nossas campanhas no sentido
de criar uma outra cultura, incentivando a doação de órgãos por ser um ato de
imensa importância para a vida.
Quero
dizer também que o ato governamental instituído anteriormente, que torna todos
os cidadãos doadores, por si só, não resolve. Há necessidade de que todos os
governantes, todas as figuras públicas, responsáveis pela instituição de
políticas públicas, tomem para si atos dentro das suas redes de saúde, no
trabalho junto à escola, para que cada vez mais as pessoas se dêem conta da
importância da doação de órgãos. Nós fizemos um levantamento na Bancada, do
conjunto de Vereadores da Casa que são doadores. Achamos que a Casa tem que
assumir uma campanha, na nossa TV Câmara, que possa incentivar o cidadão de
Porto Alegre a adotar essa cultura.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Ver. Renato Guimarães.
Concedemos a palavra ao Ver. Cláudio Sebenelo, que falará pelo tempo regimental
disposto no art. 206.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Francisco Neto de Assis e Sra. Lúcia
Elbern, eu tenho a ventura, de, como médico, a minha especialidade ser pioneira
em transplante na América Latina. Nós temos, na Santa Casa, com o Dr. José
Camargo, o privilégio de termos sido pioneiros em transplantes.
Cremos
que o método de transplante já passou por todos os testes de impopularidade, de
pensamento mágico, momentos fóbicos do inconsciente coletivo, e, hoje,
superados esses óbices, nós vemos que o transplante é um processo científico,
seguro, correto, ético e praticado por mãos competentes. Podemos ter a crença
na solução dos problemas daquelas pessoas que, há pouco tempo, não tinham mais
solução. Nós podemos prolongar a vida dessas pessoas. E é com orgulho que eu
digo isso. Dois tipos de trabalho causam a mais profunda admiração, não só no
grupo de Vereadores, mas na sociedade: o trabalho de vocês, de divulgação, e a
educação do povo no sentido de que o transplante, além de ser a solução de
muitos problemas, é, também, um ato de amor. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Ver. Cláudio Sebenelo.
Concedemos a palavra a Vera. Clênia Maranhão, Líder do PMDB.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu
queria, inicialmente, em nome da minha Bancada, representando o meu pensamento
e do Ver. Luiz Fernando Záchia, saudar a iniciativa dos senhores dirigentes da
ADOTE de virem a esta Casa para falar deste trabalho humanitário e de educação da
população para incentivar o aumento das doações. Queria, também, saudar todas
as entidades e pessoas que são militantes das entidades pela doação, que se
encontram neste Plenário, e dizer que a vinda de vocês, hoje, significa um
estímulo à doação, porque mostra a realidade e as possibilidades de salvar
vidas, quando aumentarmos a divulgação desta realidade, conscientizarmos a
população e exigirmos estruturas necessárias para que os transplantes ocorram.
Assim
como os demais Vereadores que aqui colocaram, eu também sou doadora. Considero
importante, nós que somos pessoas públicas, explicitarmos isso como estímulo a
que outras pessoas se tornarem doadoras.
Sei
que a jornada de vocês é uma jornada extremamente difícil, porque é uma jornada
de luta por uma deficiência muito grande na área da saúde e luta, também,
contra um preconceito da sociedade referente à construção de uma nova
realidade, onde as pessoas possam exercitar ações mais humanitárias que é a
utilização de seu corpo, após a morte, através de doação de órgãos. Se
imaginarmos o quanto somos passageiros podemos, talvez, pensar que é nossa
tarefa contribuir para manutenção de outras vidas e a continuidade da
permanência, na Terra, de outras pessoas. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Esta Casa que tem como objetivo principal
a qualificação da vida dos porto-alegrenses, por óbvio, originariamente, muito
mais tem pela vida dos munícipes. Portanto, esta Tribuna Popular, reveste-se de
toda a responsabilidade desta Câmara Municipal.
Agradecemos
ao Sr. Francisco Neto de Assis, Presidente Nacional da ADOTE, que, a esta Casa
a e a esta Cidade, se dirigiu para participar deste ato. Saudamos todos que
acompanham o Presidente e a Sra. Lúcia Elbern, que é representante, em Porto
Alegre, da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos - ADOTE.
A representante, em Porto
Alegre, da ADOTE, convida os senhores Vereadores para, dentro das
possibilidades, em breves minutos, participarem de um coquetel, no Glênio
Peres, além das pessoas que acompanham esta Sessão. Estão suspensos os
trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 14h41min.)
O SR. PRESIDENTE (às 14h43min): Estão reabertos os trabalhos.
Passamos
às
COMUNICAÇÕES
Com
a palavra a Ver. Clênia Maranhão, desiste. Próximo Vereador inscrito: Ver. Décio
Schauren, ausente. O Ver.
Guilherme Barbosa cede o tempo do Ver. Décio Schauren ao Ver. Adeli Sell. Com a
palavra o Ver. Adeli Sell.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente em exercício, Juarez
Pinheiro, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, Sras. e Srs. Hoje voltei à
Rodoviária de Porto Alegre, junto com o Diretor-Geral do Departamento Autônomo
de Estradas e Rodagem Ideraldo Karom e sua equipe. Fomos lá, porque, na semana
passada, levantei algumas preocupações acerca do seu funcionamento. Levantei
questões e apontei soluções.
A
Rodoviária de Porto Alegre e seu bom funcionamento dependem da Empresa
Concessionária Veppo, a mesma de antes da instalação da Rodoviária no atual
local, bem como do DAER e da municipalidade nos seus vários aspectos.
Enviei
à Secretaria Municipal de Transportes um ofício, com uma fotografia de um
grande espaço com uma placa da SMT, sem utilização.
O
setor mais preocupante - e constatei - é o de encomendas, que envia material
para o Interior e vice-versa. O funcionamento era até 18:00 horas e sábados até
11:00 horas. Telefonamos do nosso gabinete, por duas vezes, e constatamos esse
horário. No entanto, a direção da Veppo dizia que havia um plantão 24 horas. Eu
disse: há um problema, porque os funcionários só orientavam num horário
extremamente restrito.
Hoje
pudemos constatar mudanças, isso é positivo, havia uma limpeza maior na parte
inferior da Rodoviária, não havia mais essa restrição de horários, inclusive
havia algumas placas novas como Fazer Fila. Agora há o compromisso da empresa
em colocar, na parte externa, uma indicação do plantão 24 horas.
Eu
constatei mais uma vez, fiz isso na quinta-feira, fiz hoje com a presença de
Ideraldo Caron, que a parte superior da Rodoviária está muito ruim, há algumas
lojas fechadas, o espaço da SMT também está fechado, havia uma barbearia ao
lado de uma cozinha com as portas escancaradas, há vazamentos, a pintura está
deteriorada. Hoje houve o compromisso entre todas as partes presentes de
fazermos uma nova reunião envolvendo esta Casa, o DAER, a municipalidade, o
concessionário, o Sindicato de Bares e Restaurantes, há inclusive um pedido dos
permissionários para uma reunião com este Vereador. Prontamente estou atendendo
para fazer essa discussão.
Há
um pedido que considero correto, já recebi várias cartas e e-mails apoiando
que, no Mercado Público, houvesse um posto de venda de passagens. Estou levando
essa proposta ao Escritório Municipal de Turismo, à Secretaria Municipal de
Indústria e Comércio. Eu acho possível realizar esse posto de vendas, porque
beneficiaria aquele que viaja, não precisaria ir até a Rodoviária, as pessoas
circulam no Centro da Cidade e ajudaria, sem dúvida nenhuma, a trazer mais
pessoas para o nosso querido Mercado Público, que, diga-se de passagem, abriu
neste domingo.
Há
um outro problema grave que são os vários camelôs que praticamente trancam a
entrada da Rodoviária na parte que vem do TRENSURB. Nós estamos levando essa
preocupação a nossa Secretaria para que possamos ver o que fazer.
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, são algumas questões que apresento, uma vez que
levantei questões na semana passada. Houve melhoras. Está marcada uma reunião.
Tem que melhorar, porque Porto Alegre merece. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores Vereadores, o Ver.
Guilherme Barbosa, na data de hoje, entra na casa dos 40 anos e, para registrar
seu aniversário, solicitamos que o Vereador mais antigo da Casa, Ver. João Dib,
entregue uma lembrança ao Ver. Guilherme Barbosa em nome desta Casa.
(É
efetuada a entrega da lembrança ao Ver. Guilherme Barbosa.) (Palmas.)
O
Ver. Gilberto Batista está com a palavra em Comunicações.
O SR. GILBERTO BATISTA: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores
Vereadores, senhores funcionários, primeiramente, quero parabenizar o Ver.
Guilherme Barbosa, em nome da Bancada do PFL, pela passagem do seu aniversário
e que V. Exa. possa ter, pelo menos, bastante saúde. O resto V. Exa. tem
capacidade para conseguir.
Este
Vereador fez uma visita, neste final de semana, a várias comunidades do
Sarandi, denominada por mim e pelo grupo de colaboradores deste Vereador como
Grande Sarandi; visitamos aproximadamente 12 vilas do Bairro Sarandi, na Zona
Norte de Porto Alegre.
No
Parque Santa Fé, onde estivemos no sábado à tarde, ficamos um pouco surpresos
com algumas solicitações. A primeira, com maior gravidade, no entendimento
deste Vereador, foi a necessidade de um Posto de Saúde, Ver. João Dib, naquela
comunidade, no Parque Santa Fé, Madepinho e Jardim Alpino. Ver. Luiz Braz, V.
Exa. pode não acreditar, mas o que vou lhe dizer é verdadeiro, não existe Posto
de Saúde do Município para aquela comunidade, que tem que se deslocar até a
parada 40, quase em Alvorada, perto do Colégio São Francisco, para ser atendida
pelo posto de saúde. É o posto de saúde de lá que atende àquela região. Os
moradores reclamam que no posto do IAPI, onde são atendidas várias pessoas, a
comunidade ficou fora do raio de ação daquele posto.
Realmente,
quando vimos à tribuna, e debatemos sobre saúde pública, Ver. Luiz Braz, na
Cidade de Porto Alegre, onde fazemos várias críticas, não conseguimos entender
como é realizada essa mapeação para o atendimento das comunidades. Uma
comunidade, como a do Parque Santa Fé, do Bairro Madepinho, do Jardim Alpino,
não ter posto de saúde é inadmissível. Não tem como a Secretaria Municipal da
Saúde explicar que lá não existe posto de saúde, porque são inúmeras pessoas
que residem naquela comunidade e que precisam de médico. A alegação, conforme a
Secretaria, é de que aquela comunidade é de classe média. Então, pelo jeito,
não podem ficar doentes, porque são pessoas de classe média. E existem pessoas
lá que não são da classe média. Esse foi o tema mais grave levantado pela
comunidade.
O
outro, diz respeito à falta de limpeza naquela comunidade. O DMLU lá não
existe. Ver. Guilherme Barbosa, peço um minuto da sua atenção: o DMLU lá no
Parque Santa Fé, Madepinho e Jardim Alpino não atua. Convido a Bancada da
Administração Popular para fazer uma visita àquela comunidade. As ruas são
sujas, as praças não são limpas. Houve, agora, uma invasão e o DEMHAB tirou as
pessoas de lá, mas continua tudo sujo, enfim, bocas-de-lobo entupidas, vários
problemas existem naquela comunidade, no fundo desta comunidade, no Parque
Santa Fé, as pessoas depositam lixo, são carros roubados incendiados que lá são
depositados. O DMLU parece que não sabe onde se localiza esta comunidade, e não
sabe os problemas que a comunidade enfrenta no que diz respeito à limpeza
urbana.
Outro
problema gravíssimo, Ver. Luiz Braz: lá no Parque Santa Fé, no Jardim
Madepinho, não existe uma placa sequer indicando o nome daquelas ruas. Se eu
lhe der o nome de uma rua no Parque Santa Fé, Vereador Jocelin Azambuja, V.
Exa. vai ter que perguntar para várias pessoas, porque não existe o nomezinho
da rua, não existem placas identificando as ruas.
Há
também o problema de segurança. Lá não existe um posto policial; inclusive
estamos fazendo um encaminhamento para a Secretaria de Segurança para ver se,
pelo menos, existe a possibilidade de colocação de um posto-base naquela
comunidade.
Gostaria
de relatar que nas visitas feitas ao Parque Santa Fé, Madepinho e Jardim
Alpino, este Vereador apurou a gravidade dos problemas enfrentados por aquelas
comunidades, principalmente na área de saúde pública. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Vereador Guilherme Barbosa está com a
palavra em Comunicações.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero,
neste espaço de Comunicações, comentar a notícia divulgada pela imprensa, no
sábado passado, tanto no jornal Zero Hora
como no jornal Correio do Povo, que trata da garantia, agora sim
definitiva, da construção da usina hidrelétrica de Dona Francisca.
Os
Vereadores da outra Legislatura talvez lembrem que este era um assunto que eu
referia permanentemente, principalmente os colegas Vereadores eletricitários
Paulo Brum e Reginaldo Pujol, que assumiu algumas vezes na outra Legislatura.
Há muitos anos, a nossa empresa, a CEEE, não constrói uma unidade geradora de
energia elétrica no Estado. E essa usina, apesar de não ser grande, vai
utilizar a última possibilidade de queda do Rio Jacuí, e vai acrescentar cerca
de 125 megawatts/hora na geração própria do nosso Estado. Não é muita energia,
mas é energia a mais gerada no nosso Estado, gerada pela empresa Companhia
Estadual de Energia Elétrica, que, agora, como sabemos, infelizmente ficou
muito menor do que era, em face da privatização ocorrida em um terço da
empresa, dois anos atrás.
Eu
quero saudar esse fato, mas numa demonstração da maneira positiva, propositiva,
na direção do progresso do nosso Estado, que o governo Olívio Dutra executa.
Diferente de outros que falam, que desmontam o Estado, que vendem tudo, a nossa
direção é exatamente outra: a direção da concretização de iniciativas
positivas. Há vinte anos que essa obra é projetada dentro da CEEE. Os técnicos
da CEEE, meus colegas, já tinham essa obra há muito tempo projetada e só agora,
com essa iniciativa, vão conseguir concretizar.
Havia
um contrato, havia uma licitação, mas não andava, problemas, inclusive, com
deslocamento de famílias na área, onde vai haver um alagamento quando a
barragem for construída e essa área ficará inundada. Então, foi um acordo
realizado com o consórcio já vencedor da licitação, mas que não andava. Entrou,
também, no acerto geral dessa nova assinatura, a própria Secretaria da
Agricultura, para trabalhar no reassentamento das famílias de uma maneira
organizada, numa área boa de agricultura, que consiga produzir.
Portanto,
eu quero aqui saudar o Governo Olívio Dutra, saudar a Secretária Dilma Roussef,
saudar o Presidente da CEEE Vicente Rauber, saudar o Secretário da Agricultura
José Hermeto Hoffmann por essa iniciativa positiva. E mais ainda, Ver. João
Carlos Nedel, veja que coisa interessante: o Estado economizou cerca de cem
milhões de reais; vai concretizar a obra em cima de um contrato realizado
antes. Nós, com conversa, com calma, com tranqüilidade, vamos conseguir
concretizar a obra economizando recursos para o nosso Estado. Da mesma maneira
que o Sr. Governador, esteve na sexta-feira reunido com o Ministro Pratini de
Moraes. Diferente de outros, que usam a máquina estatal de maneira partidária,
nós vemos que o Ministro Pratini de Moraes tem outra estatura, tem outra forma
de trabalhar, que é a nossa. Quando vemos que pessoas de outros partidos têm a
determinação de melhorar a vida, de fato, do nosso povo, o nosso Governo está
aberto a isso. Nós, o nosso Partido, estamos acostumados a conversar com todos
os grupos sociais, diferente de alguns Governos anteriores, que recebiam os
grandes empresários de multinacionais, mas jamais receberam sindicatos, CUT,
MST. Não havia espaço para isso, Ver. Antonio Losada, só os engravatados das
grandes multinacionais é que conseguiam subir as escadas do Piratini. Agora,
não, as escadas do Piratini são acessadas por todos os grupos sociais, todos
que tenham vontade de caminhar para a frente e trazer o desenvolvimento para o
nosso Estado, para fortalecer a máquina pública, terão sempre o diálogo conosco,
como esteve reunido com o Sr. Governador o Ministro Pratini de Moraes. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Helena Bonumá está com a palavra
em Comunicações.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, hoje,
pela manhã, estivemos nesta Casa com um grupo de entidades, retomando a idéia
que já foi lançada e trabalhada no ano passado, junto às organizações de
Direitos Humanos, do lançamento do que chamamos de Passe Livre do Cidadão.
O
Passe Livre do Cidadão foi lançado no ano passado, quando fizemos o
cinqüentenário da Declaração dos Direitos Humanos e na nossa Cidade se
efetivava um conjunto de seminários, discussões, debates e ações relacionadas
ao assunto. Nessa ocasião, foi lançado um documento básico feito para o cidadão
carregar com a sua carteira de identidade, sendo do mesmo tamanho, de forma a
tê-lo sempre consigo.
O
documento contém as informações básicas necessárias à preservação dos seus
direitos de cidadania e os telefones dos principais instrumentos e espaços que
podem ajudar a garanti-los.
Hoje,
tivemos uma discussão com a AJURIS, com o Ministério Público e com a OAB, no
sentido de que esse material venha a ser lançado de uma forma mais massiva
junto à população de Porto Alegre.
Pretendemos
fazer um ampla campanha, trazendo para as pessoas um esclarecimento básico
fundamental, de forma que cada cidadão possa carregá-lo na sua bolsa, na
carteira, e acessá-lo quando for necessário, no sentido de colaborar na solução
de um problema de alguém, ou no sentido de fazer algum encaminhamento na área
dos Direitos Humanos, ou na preservação dos seus próprios direitos.
Isso
é uma articulação entre as entidades que trazemos para a Câmara de Vereadores.
Amanhã, nós levaremos para a reunião da Comissão de Direitos Humanos, no
sentido de articular essa rede de entidades e instituições que têm como mesmo
objetivo garantir a cidadania e os direitos básicos da nossa população.
Mas
eu queria aproveitar este tempo de Comunicações para fazer um comentário sobre
algumas matérias que saíram, nos últimos dias, na imprensa. Chama-me a atenção
uma matéria em que a imprensa comenta um estudo feito por um professor de
Ciências Econômicas da UFRGS com relação à implantação da Ford no Rio Grande do
Sul. É muito interessante, senhores, que se traga, sempre, esse assunto à
tribuna, porque o caso da Ford é exemplar, é emblemático, é significativo; ele
demonstra como nós lidamos com a coisa pública, com o dinheiro público, com as
prioridades da população brasileira. Enquanto no Rio Grande do Sul o Governo
Estadual fez todo o esforço para a manutenção, aqui, da montadora, colocando
alguns critérios que fizessem com que a permanência da montadora oferecesse,
como contrapartida, o desenvolvimento efetivo da economia do nosso Estado e a garantia
da geração de empregos, limitando, ao mesmo tempo, a participação dos recursos
públicos nesse processo, porque os nossos recursos são limitados, em nível
nacional o que nós vemos? Uma total liberalização do dinheiro público, do
dinheiro do povo brasileiro, via BNDES, para financiamento de uma das maiores
montadoras, de uma das maiores empresas automobilísticas do mundo.
Eu
quero ler o que foi divulgado pela imprensa sobre o real contexto do projeto
que deveria ser implantado, aqui, pelo Governo do Estado, e que a UFRGS, por
seu Departamento de Ciências Econômicas, analisou. É interessante que se
recuperem esses dados: 60% dos recursos que o BNDES investiria no Estado para
esse projeto, ou sejam, R$ 330.000.000,00, não ficariam no Estado do Rio Grande
do Sul, eles iriam subsidiar ações da Ford em outros estados; 60% dos recursos
públicos, tirados do cofre do nosso Tesouro Estadual, não ficariam no Rio
Grande do Sul, eles iriam subsidiar a Ford em outros estados do Brasil.
Quando
esses dados são divulgados - e eles não são divulgados pelo Governo Estadual,
não são divulgados pelo Partidos dos Trabalhadores, são divulgados pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul -, nós verificamos a real dimensão do
que aconteceria se essa empresa se houvesse instalado aqui nas condições que o
Governo anterior estava propondo. O que nós verificamos agora?
Para
finalizar, apresento um comentário sobre as matérias da revista Fortune em
relação às quinhentas empresas de maior lucro no mundo. A Ford teve um destaque
como a maior empresa, com um lucro de vinte e dois bilhões de dólares em 1998,
cerca de 218% superior ao lucro que ela teve em 1997. Eu acho que devemos
começar a analisar com mais profundidade o significado desses dados e dessas
cifras e pensar o que é que nós evitamos no Rio Grande do Sul e, ao mesmo
tempo, tentar fazer com que, em nível nacional, os recursos públicos sejam mais
bem aplicados e com o controle da população como, por exemplo, o Orçamento
Participativo, que já temos em nossa Cidade e agora no Governo do Estado, que
dai, certamente, não se usaria esse desmando como é o caso da implantação da
Ford na Bahia. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
Prefeitura divulgou, com grande alarde, a limpeza e a desobstrução do Arroio
Mangueira, também chamado Paula Soares. Essa publicidade farta foi feita
através do programa “Cidade Viva” via televisão e rádio.
Fiquei
até satisfeito pela Prefeitura ter atendido o meu Pedido de Providência nº 665,
de 24 de novembro de 1998. Atendeu seis meses depois, e fez farta publicidade
disso.
Alertado
por um morador do Bairro Itu/Sabará de que essa limpeza não tinha sido completa,
estive fazendo uma visita no local e, tristemente, verifiquei a propaganda
enganosa que a Prefeitura fez, ou seja, limpou apenas uma parte do arroio, a
parte que mais aparece; na parte da margem esquerda, da Av. Baltazar de
Oliveira Garcia, nada foi feito. Encontrei, dentro do arroio, que a Prefeitura
alegava estar limpo, até um fogão lá jogado e o arroio totalmente assoreado.
Na
parte próxima à Praça Monsenhor Roncatto existe imensa quantidade de lixo lá
depositado. Na parte que o arroio corta a Praça, a Prefeitura esteve lá e
trabalhou com uma retroescavadeira, apenas por três horas, afastou-se do local
e nunca mais voltou. E está lá o arroio daquele jeito, totalmente assoreado,
sujo, com lixo depositado, inclusive, dentro do arroio tem até um gramado verdejante.
O
que eu quero deixar bem claro é a propaganda enganosa que a Prefeitura fez,
disse que executou a limpeza. Mas executou apenas uma parte, deixando de fazer
70%. Espero que agora o faça.
O
segundo assunto da minha intervenção é enfatizar que, no sábado retrasado,
houve um encontro da “ala light” do Partido dos Trabalhadores, onde foi
ratificada a opção pelo paleossocialismo.
Quero
deixar clara esta opção ideológica do Partido dos Trabalhadores. Na semana
passada ouvimos, estupefatos, a defesa que a Vera. Helena Bonumá e o Ver.
Renato Guimarães fizeram da ditadura cubana, inclusive, com o pedido de uma
Sessão Solene em homenagem a ela. Falou-se em democracia. Fiquei bastante
preocupado, nada tenho a opor quanto a opção ideológica de cada cidadão; somos
livres, aqui, no Brasil.
Mas,
quero deixar claro que, aqui, em Porto Alegre, o nosso Prefeito declarou-se
trotskista, o nosso Governador é marxista e assim por diante, cada um tem sua
opção ideológica, perfeitamente dentro da lei.
Mas,
o que a sociedade precisa compreender e deve ficar muito esclarecido é o que
essa posição ideológica representa para a Cidade de Porto Alegre. A opção
paleossocialista dos nossos Governos Estadual e Municipal representa, em muito,
contra a Cidade e contra o Estado do Rio Grande do Sul.
Voltarei
em breve a falar nesse assunto para esclarecer à sociedade o que isso
representa para a nossa vida de cidadãos porto-alegrenses. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra
em Comunicações.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há
dias a imprensa noticiou o atraso nas obras da nova estação de passageiros do
Aeroporto Salgado Filho. Sob certos aspectos esse atraso até é benéfico, e vou
dizer por quê. Até agora a população do entorno não foi mexida; segundo os
cálculos superficiais da CUTHAB, da INFRAERO, do Departamento Estadual e do
DEMHAB, aquela obra vai mexer com cerca de dez mil pessoas, que terão que mudar
o seu local de residência, e até agora não se viu nenhum movimento nessa
direção.
A
minha pretensão ao ocupar a tribuna, hoje, é fazer um apelo, principalmente aos
órgãos da Prefeitura, que é o centro motriz desse processo, para que interceda
junto ao Estado e à União, no sentido de que se planeje, o mais rapidamente
possível, a transferência daquela população e que se dê a ela a mínima
tranqüilidade possível nessa transferência, porque será uma alteração muito
grande na fisionomia daquela região da Cidade. Uma região muito importante,
porque ali estão concentrados os entroncamentos rodoviário, ferroviário,
hidroviário e aéreo de Porto Alegre. É uma zona sensível da Cidade que será
mexida.
É
preciso que as autoridades no conjunto, eu não estou criticando ninguém, estou
apelando para que se apresse o processo de estudo e planejamento de remoção
daquelas áreas. A Vila Nazareth, por exemplo, vai ser atingida em cheio pela
cabeceira do novo Aeroporto. O que vai acontecer com a população da Vila
Nazareth? Sem falar na Vila Dique que vai ser atravessada pela nova pista do
Aeroporto.
O Sr. João Dib: V. Exa. me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Lauro Hagemann, se depender do DEMHAB,
nada vai acontecer. O DEMHAB está permitindo que prolifere na Cidade
subabitações de toda a sorte, basta se ver na Rua Voluntários da Pátria, na
altura da Rua Hoffmann, um descuido total do DEMHAB que outrora já realizou
bastante, agora talvez não tenha recurso. Não estou criticando, mas o DEMHAB
não está fazendo nada.
O SR. LAURO HAGEMANN: Eu recolho o aparte do Ver. João Dib
como contribuição a minha preocupação com a população da zona do Aeroporto.
Nós, da CUTHAB, já temos feito reuniões, trouxemos pessoal da INFRAERO,
trouxemos o pessoal da Secretaria Estadual, acho que agora está na hora de
reativarmos esse processo, já que com a mudança do Governo Estadual é possível
que as coisas assumam um outro rumo, mas é preciso ação, ação imediata, pelo
menos no planejamento, não sabemos nada do que está acontecendo nessa direção.
O Sr. Antônio Losada: Caro Vereador, o esforço da CUTHAB com a
colaboração de V. Exa. tem sido grande nesse sentido. Sentimos dificuldades por
parte dos representantes de órgãos federais e estaduais no sentido de colaborar
com o próprio DEMHAB, com a própria CUTHAB, no sentido de transitar as
informações necessárias para encontrar uma solução para aquele gravíssimo
problema de habitação em torno do Aeroporto. Muito obrigado.
O SR. LAURO HAGEMANN: Agradeço ao Ver. Antônio Losada pelo
aparte, presidente da CUTHAB, mas eu quero enfatizar, neste breve discurso, que
deve ser uma ação conjunta das três esferas do Governo: Federal, Estadual e
Municipal, porque ninguém sozinho vai poder arcar com a responsabilidade da
transferência de dez mil pessoas daquela região, deve haver uma ação conjunta.
Essa ação conjunta é que nós não estamos visualizando. É isso que estamos
reclamando, não estamos condenando ninguém, estamos pedindo um pouco de pressa
no planejamento daquela situação. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum inscreve-se e cede seu
tempo ao Ver. Jocelin Azambuja.
O
Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra, em Comunicações.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
primeiro lugar, agradeço ao Ver. Paulo Brum pela gentileza de ceder-me seu
tempo neste período de Comunicações.
Durante
alguns dias tramitou em Pauta um antigo Projeto meu, o qual prevê para os
acompanhantes de crianças de 5 a 10 anos o direito de obter também a passagem
escolar. O Ver. Renato Guimarães havia ingressado com um Projeto semelhante,
mas, de maneira gentil, retirou-o, reconhecendo que nós já estávamos, desde
1994, tramitando o nosso Projeto. O Ver. Renato Guimarães queria também
propiciar aos acompanhantes das crianças que elas tivessem acesso aos ônibus,
mas reconheceu que tínhamos uma idéia mais amadurecida e avançada com relação a
essa questão.
Nós
temos um componente que hoje é objeto da discussão, ou seja, o transporte
escolar. Em 1988, nós levamos para a Constituinte Estadual uma proposta que
acabou sendo aprovada - na época eu presidia a Federação do Círculo de Pais e
Mestres do Estado do Rio Grande do Sul - e que hoje é modelo em todo o Estado
do Rio Grande do Sul, sendo adotada na maior parte das prefeituras, no sentido
de que nas sedes das capitais, das cidades, dos municípios, nós tenhamos as
escolas com ensino fundamental completo. E nas áreas rurais, tenhamos escolas
de ensino fundamental incompleto com uma escola que dê atendimento àquele grupo
de escolas e todas elas atendidas pelo transporte escolar que é hoje objeto de
uma profunda discussão entre municípios e o Governo do Estado, pela falta de
apoio que este dá ao transporte escolar nos municípios.
Mas
em nível de Porto Alegre ficou uma lacuna, porque a criança, na área rural, ela
é transportada pelo transporte escolar feito em convênio, como diz a
Constituição, pela nossa Emenda que foi aprovada, naquela época, e, hoje, este
preceito constitucional é respeitado. As crianças são levadas gratuitamente
para as suas escolas. Porto Alegre tem uma outra realidade. Qual a assistência
que Porto Alegre dá - de transporte - à criança que é matriculada fora do
perímetro onde mora? Nenhuma assistência. Como nós temos, ainda, em Porto
Alegre, lamentavelmente, escolas de ensino fundamental que não são completas,
não têm as oito séries; e como nós temos, ainda, este absurdo de estudo por
ciclos que permite que tenhamos escolas com um ciclo, dois ciclos ou três
ciclos, ou seja, escolas de três anos e seis anos, e não com os nove anos
completos, como deveria ser incluído um do pré-escolar, o que acontece? A
criança que é matriculada fora do seu perímetro e se não tem dinheiro para
pagar um transporte escolar, ela está afastada da escola. É isso que nós, aqui,
em Porto Alegre, temos que corrigir. Não é dar nenhuma benesse aos pais dessas
crianças. Acontece que uma criança de cinco, seis, sete, nove anos, não pode ir
para a escola sozinha, ela precisa ir acompanhada. E se ela for matriculada ou
numa escola municipal, ou numa escola estadual fora da sua área de residência,
ela invariavelmente terá que pegar um transporte coletivo e não irá sozinha
nesse transporte coletivo.
Então,
isso é importante e nós temos consciência que temos responsabilidades sociais,
que são frutos da realidade em que vivemos. Nós temos estudantes, hoje, que
moram na Restinga e estão matriculados na Zona Norte e vice-versa. É uma
realidade de Porto Alegre. Então, nós temos que dar condições a essas pessoas
para elas poderem, também, ter acesso. E como na área rural tem o transporte
escolar gratuito, e Porto Alegre não tem transporte escolar gratuito, tem só
transporte escolar pago, então, é obrigação da Municipalidade dar condições,
Srs. Vereadores da Bancada Governista, para que os pais dessas crianças possam
levá-las à escola, porque, sozinhos, tenho certeza de que nenhum dos Senhores
largariam os seus filhos para ir a uma escola com cinco, seis, sete, oito, nove
anos.
Então,
é nesse sentido que nós estamos procurando levantar esta discussão, para que
tenhamos consciência dessa realidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Vamos apregoar a Subemenda nº 01 à Emenda nº 16, de autoria do
Ver. Antonio Hohlfeldt, aposta ao PLE nº 009/99.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Passamos à
PAUTA
(05 oradores/05 minutos/com apartes)
1ª SESSÃO
PROC.
2096/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 096/99, de autoria do Ver. Carlos Alberto
Garcia, que dispõe sobre a disponibilização, na “Internet”, de dados relativos
às licitações no Município de Porto Alegre.
PROC.
2097/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 097/99, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que
concede o título honorífico de Cidadã de Porto Alegre à Senhora Lya Luft.
PROC.
2103/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 098/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua João José dos Santos um logradouro público localizado no
Bairro Farrapos.
PROC.
2133/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 029/99, de autoria do Ver. Gilberto Batista, que confere ao cantor
e instrumentista Heber Frós – Gaúcho da Fronteira – o prêmio artístico
Lupicínio Rodrigues.
PROC.
2156/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 032/99, de autoria do Ver. Décio Schauren, que cria a Frente
Parlamentar de Apoio ao Cooperativismo na Câmara Municipal de Porto Alegre.
PROC.
2161/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 102/99, de autoria do Ver. Carlos Alberto
Garcia, que dispõe sobre a oficialização do evento “Festa do Divino Espírito
Santo” no Município de Porto Alegre.
PROC.
2164/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 103/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que
denomina Praça Aristides Dias Souto um logradouro público localizado no Bairro
Farrapos.
PROC.
2186/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 104/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua Ney Bastos um logradouro público localizado no Bairro
Farrapos.
PROC.
2190/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 105/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Praça Januario Pereira da Costa um logradouro irregular localizado
no Bairro Santa Tereza.
PROC.
2191/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 106/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua Edyr Machado um logradouro público localizado no Bairro
Farrapos.
PROC.
2264/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 033/99, de autoria do Ver. José Valdir, que concede o título
honorífico de Líder Comunitária à Senhora Sigrid Kunz.
PROC.
2265/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 034/99, de autoria do Ver. Gilberto Batista, que institui o prêmio
Jahyr Boeira de Almeida e dá outras providências.
PROC.
2322/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 035/99, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que concede o prêmio
literário Érico Veríssimo ao jornalista e escritor Walter Galvani da Silveira.
PROC.
2351/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 109/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Praça Glaucus Saraiva um logradouro público localizado no Bairro
Farrapos.
PROC.
2352/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 110/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua Carlos Galvão Krebs um logradouro público localizado no Bairro
Farrapos.
PROC.
2353/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 111/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Praça Apparicio Silva Rillo um logradouro público localizado no
Bairro Farrapos.
PROC.
2388/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 113/99, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt,
que denomina Rua Odilon Alves Chaves um logradouro público localizado no Acesso
nº 3, no Bairro Vila Nova.
PROC.
2389/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 114/99, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt,
que denomina Rua José Abraham Diaz um logradouro público localizado no Bairro
Vila Nova.
PROC.
2390/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 115/99, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt,
que denomina Praça Gladis Mantelli um logradouro público localizado no Bairro
Teresópolis.
PROC.
2476/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 041/99, de autoria da Mesa Diretora, que altera os artigos 201 a
205 do Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre. (Tribuna Popular)
2ª SESSÃO
PROC.
2493/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 042/99, de autoria da Mesa Diretora, que altera a Resolução nº 1380,
de 19.06.1998, que estabelece rito especial para apreciação do 2º PDDUA.
5ª SESSÃO
PROC.
1948/99 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 003/99, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que
altera o art. 91 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (substituição do
Prefeito)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dos
vinte e dois Projetos na Pauta no dia de hoje, desejo fazer rápidos comentários
sobre três deles. O primeiro é o Projeto de Resolução de autoria do Ver. Isaac
Ainhorn, que concede o prêmio literário Érico Veríssimo ao jornalista e
escritor Walter Galvani da Silveira. É, sem dúvida, uma das mais justas
proposições que se faz nesta Casa em homenagear essa figura extraordinária, que
tem 45 anos de jornalismo. Quarenta e cinco anos como escritor e, desses
quarenta e cinco anos, sempre esteve, quarenta e quatro deles, na “casa de
Caldas”, na Empresa Jornalística Caldas Júnior. Uma quase dezena de livros por
ele editados, centenas e centenas de artigos nos melhores jornais do Rio Grande
do Sul e fora. Após concluir o extraordinário livro “Um Século de Poder”, que
mostra toda a história dos cem anos do Correio do Povo, está providenciando,
está redigindo, e está em estado bastante adiantado, um livro que fala dos 500
anos da história do Brasil. Fala muito sobre a vida de Pedro Alvarez Cabral,
aquele que nos descobriu acidental ou propositadamente.
O
Projeto seguinte que quero falar é do Ver. Antonio Hohlfeldt que homenageia a
ex-Vereadora, desta Casa, Gládis Mantelli com um logradouro público no Bairro
Teresópolis. Ela foi Vereadora de 1982 até 1988 e foi, como Secretária da Mesa
da Câmara, uma das figuras que mais se destacou para que a Câmara pudesse ser
instalada neste prédio que estamos hoje.
O
outro é o Projeto de Resolução da Mesa que altera o artigo nº 201 até o 205 do
Regimento da Câmara que trata da Tribuna Popular. A Mesa faz um estudo bastante
claro e preciso para que as comunidades, associações possam utilizar a Tribuna
Popular para apresentar os seus problemas, seus anseios e suas dúvidas. Mas se
a Lei Orgânica determina, no seu artigo 100, que a Câmara deva ter Tribuna
Popular em todas as suas Sessões de Plenário, também determina que o Executivo
Municipal permita a Tribuna Popular lá na Praça Montevidéu. Há o Decreto nº
9.810 que precisa ser muito divulgado. Esse Decreto data de 21 de setembro de
1990. Nenhuma vez a Tribuna Popular foi utilizada na frente da Prefeitura e
aqui diz: “A cada quinzena, nas quintas-feiras, a Tribuna Popular poderá ser
utilizada ou, excepcionalmente, em outro dia da semana, na praça Montevidéu, no
horário das 12 horas até as 13h30min e das 18 horas até as 20 horas.
O
povo de Porto Alegre precisa saber que pode reclamar na frente da Prefeitura,
sem nenhum problema, porque está na Lei Orgânica. Eu fui Prefeito, e todas as
vezes que a comunidade quis falar na frente da Prefeitura foi colocado
microfone, alto-falante para que pudesse falar. Alguns Vereadores desta Casa
também foram lá, não para falar bem do Prefeito, mas foram falar e não houve
nenhuma restrição.
Assim,
eu gostaria que o Executivo, que tem o “Cidade Viva”, mostre para a população
que pode falar na frente da Prefeitura e não precisa pagar aos atores para
falarem bem da Administração Municipal.
O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. João Dib, V. Exa. fala de uma época - quando V. Exa. foi
Prefeito desta Cidade - em que era muito fácil para um Vereador ou para qualquer
cidadão se aproximar do Prefeito, conversar com ele, fazer sugestões, trocar
idéias. Hoje isso ficou muito difícil, o Prefeito está encastelado e só ouve as
pessoas ligadas ao seu Orçamento Participativo.
O SR. JOÃO DIB: Sou grato a V. Exa. pelo aparte. Encerro
dizendo que será um lucro para a Prefeitura, não precisa pagar aos atores do
“Cidade Viva” porque a população poderá falar, expressar a sua vontade na
frente do Paço Municipal, o Paço dos Açorianos. Muito obrigado. Saúde e paz!
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. José Valdir está com a palavra
para um Requerimento.
O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Sr. Presidente, um Requerimento pouco
usual. Eu requeiro à Mesa providências urgentes no sentido de arrumar os
banheiros daquele corredor onde está o meu gabinete. Em primeiro lugar, porque
já mandamos vários memorandos, inclusive um ofício à Mesa Diretora. Nós temos
um banheiro que desde o ano passado está com um vaso - no popular -
permanentemente entupido, um sem porta, e o outro com meias condições de uso,
já que está com a porta estragada há vários meses.
O SR. PRESIDENTE: Perfeito. Nós vamos solicitar a presença
do nosso Diretor-Geral, para que, a partir dessa colocação do Ver. José Valdir,
nós possamos, de imediato, tomar as devidas providências. Com a palavra o Ver.
João Carlos Nedel para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
tramitam em Pauta no dia hoje, oito Projetos de minha autoria, praticamente
todos concedendo nomes de ruas a líderes, a pessoas importantes de nossa
Cidade. Um é sobre logradouro no Bairro Farrapos que denomina Rua João José dos
Santos. Esse senhor, ex-morador daquela Vila, foi servidor da Cervejaria Brahma
por mais de trinta anos e escolhido “Operário Padrão do Rio Grande do Sul”. Foi
um líder comunitário que ajudou a fundar o Círculo Operário da Vila Farrapos,
Associação Comunitária e também ajudou a construir a Igreja Santíssima Trindade
que hoje é Paróquia daquele Bairro. Também foi Vicentino.
Outro Projeto, dá denominação a um logradouro
do Bairro Farrapos, de Praça Aristides Dias Souto, tradicionalista, fundador do
Ginásio Farrapos e, certamente, Ver. Juarez Pinheiro, ajudou, junto com o seu
pai, a fundar o Círculo Operário naquela Vila; também foi coordenador de várias
festividades tradicionalistas, líder comunitário da região, da vila. Esta
homenagem foi um pedido da Associação dos Moradores.
Outra
rua recebe o nome do professor Ney Bastos, ex-funcionário da Prefeitura
Municipal, incentivador dos cursos “Madureza”, foi professor católico atuante e
lutador junto ao Movimento Familiar Cristão.
No
Bairro Santa Tereza, uma praça lá no Morro Santa Tereza, receberá o nome de
Januário Pereira da Costa, líder comunitário que iniciou a movimentação, a
arregimentação comunitária da Vila Gaúcha. A homenagem foi, também, uma
solicitação da Associação daquela Vila.
Na
Vila Farrapos, uma rua com o nome de Edyr Machado, também, líder comunitário.
Projeto
denominando um logradouro público de Praça de Glaucus Saraiva, uma homenagem ao
nosso grande tradicionalista, poeta e homem de grande cultura no nosso Estado e
amigo pessoal do nosso querido Ver. Pedro Américo Leal.
Projeto
denominando um logradouro público de Rua Galvão Krebs, homenageando esse
tradicionalista, escritor e poeta.
Projeto
denominando um logradouro público de Praça Apparicio Silva Rillo, homenageando
esse grande poeta gaúcho, natural de São Borja, que elevou a nossa poesia
gaúcha ao mais alto estágio.
Esses
são os oitos Projetos de minha autoria que circulam na Casa. Eu gostaria de
elogiar a homenagem que está sendo prestada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt ao meu
grande ex-amigo Odilon Alves Chaves, Coronel da Brigada Militar, que morreu
atropelado no Bairro Tristeza, quando se dirigia à Igreja para as suas orações.
No meu entendimento, dar nome às ruas é importante para a Cidade, porque o
morador tem um local, um endereço, um CEP para se localizar e ser encontrado.
Realmente é mais um fator que aumenta a sua dignidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Tramita hoje, em primeira Sessão de
Pauta, dois Projetos de nossa autoria. O primeiro dispõe sobre a
disponibilização na Internet dos dados relativos às licitações do Município de
Porto Alegre. Este Projeto já existe em nível estadual e estamos propondo que
ele seja implantado no Município de Porto Alegre.
A
Lei Federal 8666, que é a Lei da Licitações, não fala na Internet, fala
especificamente que tem que ser publicado no Diário Oficial. Hoje estamos
vivendo, cada vez mais, a era da modernidade e a Internet é um espaço que
chegou para fazer parte de todos os segmentos. Entendemos mais do que oportuno
que as licitações também devam aparecer na Internet, porque nem sempre as
pessoas lêem o Diário Oficial, embora as pessoas que participam das licitações
estejam sempre atentas ao Diário Oficial e temos a certeza, também, de que
estarão atentas à Internet.
Colocamos
alguns requisitos que achamos importantes, que poderão ser disponibilizados
pela Internet: os dados do sistema de registros de preços de bens e serviços,
mantidos pelos respectivos órgãos; os avisos, a partir da data de sua
publicação no Diário Oficial do Município, contendo os resumos dos editais das
concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões; a relação
dos concorrentes habilitados e dos inabilitados por licitações; a íntegra dos
recursos e da respectiva decisão; a homologação do resultado e a justificativa
do objeto do contrato; o extrato do contrato; o preço unitário, a data e o
fornecedor da última compra, em relação a cada item constante das licitações em
andamento.
No
nosso entendimento, o que vai constar na Internet é mais abrangente do que a
própria licitação que, hoje, deve ser publicada no Diário Oficial, porque esses
dados vão constar de uma maneira mais ampla e facilitar em muito o acesso.
Hoje,
estamos em primeira Sessão de Pauta. Esperamos que, ao longo das diversas
Comissões, este Projeto possa ser aprovado para facilitar a vida dos
porto-alegrenses e, ao mesmo tempo, que as pessoas possam ter uma ampla
divulgação do processo licitatório ocorrido no Município de Porto Alegre.
Outro
Projeto de nossa autoria, que também está tramitando, é o que dispõe sobre a
oficialização da Festa do Divino Espírito Santo do Município de Porto Alegre.
Essa festa passará a integrar o calendário oficial do Município de Porto
Alegre, assim como outras que já constam do calendário oficial. Queremos
salientar que a Festa do Divino Espírito Santo existe há mais de duzentos anos
no Município de Porto Alegre. É uma das festas mais populares, e tem a duração
de dez dias. Inicia nove dias antes do Dia de Pentecostes, e o décimo dia ocorre
justamente no Dia de Pentecostes. Esse último dia é o que reúne maior público,
com a celebração da Missa de Pentecostes, a escolha do Imperador e Festeiro da
Bandeira, e culmina com uma grande procissão, que tem seu início na Catedral
Metropolitana e termina na Capela do Divino Espírito Santo, com uma missa
solene, sempre rezada pelo Arcebispo de Porto Alegre. Inclusive, no próximo
ano, essa missa será rezada ao ar livre, porque constatamos que a Capela do
Divino não comporta mais as milhares de pessoas que procuram aquele local para
demonstrar a sua fé no Divino Espírito Santo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador para falar no período da
Pauta é o Ver. Juarez Pinheiro, que tem a palavra por cinco minutos.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores.
Essa
Pauta é bastante extensa, mas quero destacar algumas iniciativas, começando
pela do Ver. Carlos Alberto Garcia, de dar maior publicização aos atos
licitatórios da Prefeitura Municipal. A proposta, no que tange à questão
jurídica, encontra barreiras, porque sobre essa matéria, relativamente às
normas gerais, só quem pode licitar é a União, e essa é uma lei federal, a Lei
8666 - e o Ver. Cláudio Sebenelo lembra bem da suplementação - que pode receber
acréscimo dos municípios, mas não na minudência dada pelo Ver. Carlos Alberto
Garcia. Até quero sugerir a S. Exa. que, no sentido principal, material da lei,
ou seja, de dar maior publicidade para que todas as pessoas que têm interesse possam
participar das licitações, que ela se mantenha. Agora, na minudência colocada,
na verdade só atrapalharia. É uma iniciativa louvável; tem barreiras jurídicas,
mas o mérito é inegável, porque vai fazer com que se possa buscar melhores
preços nas compras no Município de Porto Alegre.
Diga-se
de passagem, Vereador Carlos Alberto Garcia, que o Município de Porto Alegre
inovou ao estabelecer o registro de preços. Ou seja, fazer com que a partir de
uma única concorrência se possa buscar o melhor preço, numa etapa feita
anualmente, considerando-se que nós teríamos, abre aspas, uma economia com uma
inflação estável, fecha aspas - porque eu não acredito nisso -, esse é um
instrumento rico que está sendo copiado por grande parte dos municípios
brasileiros. Quer dizer, um avanço dado através da Procuradoria do Município.
Quero
destacar também a concessão do prêmio Érico Veríssimo, uma proposta do Vereador
Isaac Ainhorn, ao jornalista Walter Galvani. Trata-se de uma das figuras mais
queridas do meio jornalístico; uma pessoa extremamente preparada, culta, que
recentemente esteve em Portugal, Espanha e Inglaterra, buscando colher dados
para a sua obra relativa aos primeiros navegadores e à descoberta - que também
acho que não houve, porque já estavam aqui os índios - do Brasil, e os seus
quinhentos anos.
Quero
destacar ainda uma proposta de nossa autoria, que é a concessão do título de
Cidadã de Porto Alegre à professora de lingüística, poeta, tradutora de
literatura inglesa e alemã, Lya Luft. Lya Luft foi esposa do saudoso professor
Celso Pedro Luft, ambos naturais de Santa Cruz do Sul, e é amiga pessoal dos
Vereadores Cláudio Sebenelo e Pedro Américo Leal. Entres outras obras suas já
publicadas, nós podemos destacar: em 1964, Canções de Limiar, que são poemas;
Flauta Doce; Matéria do Cotidiano; em 1990, As Parceiras; em 1991, A Asa
Esquerda do Anjo; Reunião de Família; o Quarto Fechado; Mulher no Palco;
Exílio; O Lado Fatal; A Sentinela; O Rio do Meio; Secreta Mirada; e a sua
última obra, O Ponto Cego.
Numa
entrevista, a renomada escritora disse que atribuía o seu fascínio pelo
misterioso e pelo ambíguo da natureza humana aos contos de March, dos Irmãos
Grimm e de Andersen, que escutava na sua infância. Perguntada sobre o porquê de
sempre falar da mulher, em suas obras, ela opinou que, talvez, isso se deva ao
fato de ela mesma ser uma mulher. Então, contamos com o apoio dos Srs.
Vereadores para que possamos aprovar e, assim, homenagear essa ilustre
escritora.
Por
fim, quero destacar, aqui, que já está em 5ª Sessão de Pauta, Ver. João Dib,
uma proposta do Ver. Elói Guimarães que vem suprir uma lacuna da Lei Orgânica,
ou seja, a substituição do Prefeito. Por iniciativa, inclusive, de S. Exa., o
Ver. João Dib, o Vereador retirou uma proposta no ano passado e agora a reapresentou.
Isso significa o quê? Quando há ausência do Prefeito, por algum motivo, do
Vice-Prefeito, do Presidente da Câmara, abre-se, ai, atualmente, uma lacuna.
Não há um regramento jurídico adequado para fazer a substituição. Nesse
sentido, a proposta do Ver. Elói Guimarães, agora aperfeiçoada, vem trazer à
discussão, desta Casa, esse assunto que é de suma importância, principalmente
quando nos aproximamos de um ano eleitoral, em que isso acontece de forma mais
costumeira. Portanto, é uma matéria importante, que está em 5ª Sessão de Pauta;
é uma alteração à Lei Orgânica do Município e assinalo para que venhamos todos
estudar essa matéria e assim possamos votá-la com tranqüilidade. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho
discutir o Projeto de Resolução de autoria do Ver. Décio Schauren, da minha
Bancada, que cria a frente parlamentar de apoio ao cooperativismo na Câmara
Municipal de Porto Alegre.
Eu
concordo plenamente com sua posição, meu caro Ver. Décio Schauren, e quero, de
imediato dizer que, se for aprovado o Projeto, farei parte dessa frente, porque
concordo, defendo, admiro todos os projetos associativos, em particular, os do
cooperativismo. Acho que, sem dúvida nenhuma, é uma idéia muito importante que
nós, Vereadores, aqui, possamos fazer uma frente de apoio ao cooperativismo.
Sei que V. Exa. acaba de voltar de uma turnê, representando esta Câmara, no
Uruguai e na Argentina.
O Sr. Décio Schauren: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Adeli Sell, obrigado pelo aparte, quero dizer
que nós visitamos, em representação oficial da Câmara, quatorze cooperativas do
Uruguai e da Argentina, entre cooperativas e centrais de cooperativas. Foi uma
experiência muito valiosa, na verdade um verdadeiro curso de cooperativismo.
Nós podemos trazer muitas experiências importantes do Uruguai e da Argentina
que esta Casa pode aproveitar para apoiar o cooperativismo aqui em Porto
Alegre, principalmente cooperativas de habitação e de serviços, que hoje são
uma alternativa importante diante da crise que nós vivemos. E podemos,
inclusive, dimensionar o potencial da economia solidária dentro do MERCOSUL,
principalmente Brasil, Argentina e Uruguai.
Então,
pretendo pedir um Tempo Especial ao Sr. Presidente, talvez na quarta-feira ou
sexta-feira para fazer um relatório da viagem. Mas quero dizer que foi
extremamente importante e nesse sentido vai ser muito importante a frente de
apoio desta Casa às cooperativas. Muito obrigado.
O SR. ADELI SELL: Indiscutivelmente, nobre Ver. Décio
Schauren. No entanto, quero frisar - e sei que tenho a sua concordância - que
nós também faremos uma fiscalização às cooperativas existentes e àquelas que se
formarão, porque, infelizmente, hoje, particularmente no norte e nordeste do
País se formam cooperativas de fachada que de fato não são cooperativas: são
empresários travestidos de cooperativas para fugir das suas responsabilidades
fiscais. Nós queremos cooperativas de fato, que sejam fruto da organização dos
trabalhadores, mas não vamos tolerar de maneira nenhuma qualquer cooperativa
que sirva de fachada para empresários que faliram as suas empresas, que
manipulam e que não pagam os seus trabalhadores e que querem fugir da
tributação. Não há espaço para isso em Porto Alegre.
Digo
mais a quem nos assiste no Canal 16: nós estamos de olho, nós temos anotações
de cooperativas que não passam daquilo que nós chamamos de “gatoperativas”, que
é o gato, aquele que arregimenta mão-de-obra para serviços e que foge das
responsabilidades fiscais e tributárias.
A
nossa frente - tenho certeza de que os Vereadores vão aprovar, Ver. Décio
Schauren - será para incentivar o verdadeiro cooperativismo, e V. Exa. traz
muito bem, temos que incentivar as cooperativas habitacionais, porque elas são
uma forma importante de arregimentar as pessoas que hoje têm dificuldades de
ter uma casa para morar, e de forma conjunta, de forma associativa possam
chegar a sua casa própria.
As
cooperativas de trabalho são importantes nesse momento de crise. Li na “Folha
de São Paulo”, nesse final de semana que em vários lugares, em empresas que
faliram, os próprios trabalhadores assumiram a gerência, com a ajuda de órgãos
governamentais e não-governamentais, instituições da iniciativa privada,
conseguindo manter os postos de trabalho.
Agora,
cooperativas que servem para enganar o trabalhador, que servem para fugir das
responsabilidades fiscais e tributárias, nós seremos radicalmente contra, vamos
denunciar e fazer com que os verdadeiros donos vão para a cadeia, porque lá é o
lugar daqueles que infringem as leis deste País, deste Estado e deste
Município. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós
estamos em plena reta final para o 2º Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e
Ambiental da Cidade de Porto Alegre.
Porto
Alegre é uma Cidade que tem uma longa história de Plano Diretor: 85 anos.
O
Plano Diretor é o Projeto mais importante que esta Casa vai discutir nesta
Legislatura. Mais importante do que o Plano Diretor, só a Lei Orgânica.
Mas
eu tenho imensa preocupação, Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Se o Plano
Diretor pretende que a Cidade cresça de forma saudável e organizada, a
Prefeitura Municipal, através da Secretaria do Planejamento e do DEMHAB, faz
com que esta Cidade cresça de forma desordenada, faz com que acúmulos de
subabitações aconteçam para outras medidas posteriores. Basta que se vejam os
morros desta Cidade. Nunca foi permitido construir nos morros porque,
realmente, é difícil e perigoso. Mas os morros - basta que se olhe - estão
todos invadidos. Depois a Prefeitura faz pavimentação com inclinação de 25, 30
ou mais por cento, quando o Plano Diretor diz que com inclinação de mais de 8%
não é permitido. A Prefeitura faz inclinação, faz escadarias, contrata a
Família Lima, paga R$ 20.000,00 para ela tocar e cantar por uma hora e depois
mostra no “Cidade Viva”.
A
Vila Planetário, tão decantada pela Administração, foi feita numa área que
desvalorizou o entorno. O Projeto Renascença, instalado na Av. Ipiranga está
sobre a calçada, direito real de uso. Os outros têm que recuar quatro metros
para construir, mas o Projeto Renascença, esse não precisa. A Vila Lupicínio
Rodrigues está dentro de uma área que a Prefeitura retomou, com o Projeto Cura,
que custou muito dinheiro. Ela está, agora, sendo entregue para direito real de
uso.
Eu
estou fazendo um pedido de providências para o DEMHAB, que nada faz, no sentido
de que ele dê uma solução para aquela área entre a Voluntários da Pátria e a
Castello Branco na altura da Rua Hoffmann. Subabitação e sobrado. Parecem
aquelas antigas construções que o imigrantes italianos faziam lá em Caxias do
Sul, onde eu fui criado. Dois pavimentos. O DEMHAB não vê; a Prefeitura não
sabe; ninguém toma conta. Quando alguém reclamou, disseram: “Os papeleiros têm
que se instalar lá, porque eles moram na Restinga”. Mas, e os moradores que, no
entorno, com indústria, com comércio, com residências, pagam impostos, para que
pagam impostos? Eu gostaria de saber.
Aquela
área do Cosme e Galvão era uma área de praça. Eu perdi, aqui, a votação por 26
votos a 1. Fui o um. Mas eu sou atento. Tenho aqui uma cópia, mas eu tenho o
original: “Regularizar a terra”. É o eles fazem: eles ensinam as pessoas a
invadirem áreas verdes. Muitas vilas assentadas em terras municipais estão em
áreas de uso comum do povo. Nesses casos a Prefeitura não pode dar o direito
real de uso, porque as leis da Cidade protegem essas áreas para preservação do
meio ambiente e construção dos equipamentos públicos. A única maneira de a
Prefeitura dar estas áreas em concessão de uso é fazer uma lei que modifique o
uso da terra, chamada Lei da Desafetação. Com a desafetação, a área deixa de
ser de uso comum e passa a ser dominial.
Até
aí, nada demais, esse é o caminho correto. Mas, vejam como procede a
Administração Prefeitoral: “os moradores solicitam a desafetação, a Prefeitura
avalia e manda à Câmara de Vereadores - a Prefeitura deveria saber que é Câmara
Municipal - onde é decidido. Assim, a Prefeitura e os moradores precisam lutar,
juntos, para convencer a maioria dos Vereadores a aprovar a lei.”
Há
um interesse indesmentível de deteriorar as áreas. Essa Praça Cosme Galvão
estava ao lado do Country Club, havia interesse em desvalorizar a área.
Podem
todos dizer o que quiserem, mas se o Plano Diretor trata de fazer uma Cidade
saudável, progressista e rica, a Prefeitura Municipal, através de suas
iniciativas, de projetos de direito real de uso tenta, de todas as formas,
fazer com que as coisas valham menos. Vide as ruas Dona Eugênia, Rua Murá e
Jacundá.
Poderia,
por muito tempo, continuar dando detalhes da fúria da Prefeitura no sentido de
desvalorizar áreas, mas o tempo se encerra. Sou grato, Sr. Presidente. Saúde e
paz.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvi o
pronunciamento dos Vereadores Guilherme Barbosa e Helena Bonumá. O Vereador
referiu-se à construção da Hidrelétrica Dona Francisca, e a Vera. Helena Bonumá
falou sobre a malversação de verbas por parte do Governo Federal.
Eu
gostaria de repetir nesta tribuna a afirmação do Ver. Renato Guimarães, na
sexta-feira passada, dizendo que desde o início do Sistema Único de Saúde e da
municipalização da saúde em Porto Alegre não houve reajustes. Pois digo que o
teto não é de vinte e um milhões, mas sim de vinte e três milhões de reais, aos
quais pode-se acrescentar o chamado impacto das portarias. As medidas de
melhoras em UTIs, em emergências, os gravames pelo progresso da tabela e com o
aleitamento materno, o hospital passa a chamar-se amigo da criança e passa a
ter um percentual a mais.
Todas
essas repercussões das portarias ministeriais, favorecendo o Rio Grande do Sul
e Porto Alegre, são pagas rigorosamente em dia pelo Ministério da Saúde, que
transfere, mensalmente, dezessete milhões de reais para o custeio dos hospitais
do Grupo Hospitalar Conceição. Não só dos hospitais, mas também de treze
modelares postos de saúde, que fazem um trabalho muito próximo à perfeição em
matéria de prevenção, promoção da saúde e um trabalho de referência e
contra-referência quando os pacientes necessitam de hospitais. Se há alguma
cidade neste País aquinhoada com o maior percentual, em relação à sua
população, é a cidade de Porto Alegre. A cidade de Curitiba tem a mesma
estrutura de Porto Alegre, praticamente a mesma população, e recebe 30% a 40% a
menos que Porto Alegre.
O
Ministério transfere quatro milhões e meio de reais, todos os meses, para o
custeio do Hospital de Clínicas que trabalha e atende Porto Alegre. Existe um
fundo de ações estratégicas e compensações na ordem de um milhão de reais
mensais para financiar transplantes, cirurgias cardíacas, mutirão de cirurgias
eletivas. São trinta mil cirurgias de hérnias, programa de prevenção do colo do
útero, e implantes de prótese de mamas, recém-aprovado pelo Senado. Para Porto
Alegre há um montante de mais de um milhão de reais mensalmente. Afora esses
valores, o Ministério de Saúde paga todos os funcionários federais cedidos aos
Governos Municipal e Estadual, ou esses valores todos somados só do Ministério
da Saúde atinge, por mês, na cidade de Porto Alegre, quarenta e seis milhões de
reais, por ano, quase uma receita integral em impostos da Prefeitura Municipal.
Pois
esse é o Governo que trata mal a Cidade de Porto Alegre, esse é o Governo que
trata mal a Administração do Partido dos Trabalhadores, que uma das poucas
coisas que faz é vir, com freqüência, a esta tribuna tecer elogios a si próprio
“Nós somos os bons” - Agora tem uma outra forma de agir - “ Nós estamos
construindo Dona Francisca”. Ora, Dona Francisca só não foi construída pela
Administração anterior por um Mandado Judicial, um consórcio mineiro venceu a
concorrência e um Mandado Judicial não permitiu, senão também teria sido
construída pelo Governo anterior.
A
injustiça que fazem com o Ministério da Saúde faz com que a Bancada do Partido
dos Trabalhadores não tenha credibilidade junto à população que vê e escuta as
nossas Sessões Plenárias. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Apregoaremos o deferimento dos destaques, procedimento necessário, devido à
votação da LDO na quarta-feira:
De autoria do Ver. Antonio
Hohlfeldt, solicitando que seja votado em destaque o parágrafo 1º do art. 11 do
PLE nº 009/99 - Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando destaque da expressão
“organizada ou não” do art. 3º do PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando votação em destaque da
expressão: “e participativa”, no anexo II - Educação do Anexo (7ª meta), do PLL
nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando votação em destaque da
expressão: “radicalmente”, no anexo II - Educação do Anexo (2ª meta), do PLL nº
009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. João Dib, solicitando votação em destaque da Emenda n.º 2 ao
PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. João Dib, solicitando votação em destaque da Emenda nº 3 ao PLL
nº 009/99, Proc. nº 1837/99
De
autoria do Ver. João Dib, solicitando votação em destaque da Emenda nº 5 ao PLL
nº 009/99, Proc. nº 1837/99 .
De
autoria do Ver. João Dib, solicitando votação em destaque da Emenda nº 9 ao PLL
nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. João Dib, solicitando votação em destaque da Emenda nº 10 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. João Dib, solicitando votação em destaque da Emenda nº 11 ao
PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. Eliseu Sabino, solicitando votação em destaque da Emenda nº 14
ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando votação em destaque da Emenda nº
16 e respectiva Subemenda nº 1 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando votação em destaque da Emenda nº
17 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. Paulo Brum, solicitando votação em destaque da Emenda nº 21 ao
PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. João Carlos Nedel, solicitando votação em destaque da Emenda nº
25 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. Fernando Záchia, solicitando votação em destaque da Emenda nº
40 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. João Carlos Nedel, solicitando votação em destaque da Emenda nº
46 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, solicitando votação em destaque da
Emenda nº 54 ao PLL nº 009/99, Proc. 1837/99.
De
autoria da Vera. Clênia Maranhão, solicitando votação em destaque da Emenda nº
55 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria da Vera. Clênia Maranhão, solicitando votação em destaque da Emenda nº
56 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria da Vera. Clênia Maranhão, solicitando votação em destaque da Emenda nº
57 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria da Vera. Clênia Maranhão, solicitando votação em destaque da Emenda nº
58 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria da Vera. Clênia Maranhão, solicitando votação em destaque da Emenda nº
59 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria da Vera. Clênia Maranhão, solicitando votação em destaque da Emenda nº
60 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria da Vera. Clênia Maranhão, solicitando votação em destaque da Emenda nº
61 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria da Vera. Clênia Maranhão, solicitando votação em destaque da Emenda nº
62 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
De
autoria da Vera. Clênia Maranhão, solicitando votação em destaque da Emenda nº
63 ao PLL nº 009/99, Proc. nº 1837/99.
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra, para uma Comunicação de Líder.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Em
primeiro lugar, quero registrar que a Bancada do PSDB, quando faz o debate da
questão do SUS, em Porto Alegre - Rio Grande do Sul e no País, trabalha com um
monte de números que, no mínimo, transformariam Porto Alegre, se esses números
fossem reais, em uma ilha em relação a todo o País. A soma que o Vereador
apresentou aqui sobre as verbas repassadas para o município de Porto Alegre,
chegaria a setenta milhões, por mês, recebidos do Sistema Único de Saúde. Todos
sabemos que Porto Alegre está com o mesmo teto que tinha no início da
municipalização. Queremos um debate fraterno sobre a necessidade de
recomposição dos números do início da municipalização. Não é uma questão dos Vereadores
do PT, é uma questão de todos os Vereadores, precisamos rediscutir o teto dos
valores do SUS para Porto Alegre.
Vemos,
diariamente, os hospitais reclamando, os serviços conveniados reclamando que
não aumentam a sua capacidade de atendimento porque o teto, o valor máximo que
o SUS repassa para Porto Alegre, continua congelado desde o início da
municipalização.
Registro
a contradição do Ver. João Dib trouxe em relação à questão da regularização
fundiária no município de Porto Alegre. O município de Porto Alegre, na sua
história, constituiu um conjunto de vilas que, em anos, nunca se assumiu o
debate para regularizar a situação dessas vilas. Cito toda a região da Vila
Fátima, Nova Brasília, Sarandi, uma série de vilas nesta Cidade que
permaneceram sem a condição de os moradores terem o seu título de posse, porque
as Administrações anteriores à Administração Popular nunca encaminharam a
regularização fundiária. Cito também Santa Rosa, Nova Gleba, poderíamos listar
mais de duzentas vilas que existem há mais de quarenta anos e que as
administrações anteriores nunca aceitaram o desafio de resolver a situação da
regulamentação fundiária. Hoje podemos citar um conjunto de vilas: Alto Erexim,
Asa Branca, Batista Flores, Campo da Tuca, Dois Toques, Malvinas, Primeiro de
Maio, etc. A Administração Popular encarou o desafio da regulamentação
fundiária e estão concluídas. Existem outras sendo regularizadas.
Gostaria
que os administradores anteriores viessem nesta tribuna e dissessem de uma vila
que eles regularizaram. Não existe na história de Porto Alegre, antes de 1989,
um administrador que tivesse regularizado uma vila, de fato, e não como
fizeram: pegaram o pessoal das margens do Guaíba e os levaram para a periferia,
como o caso da Vila Mapa e outras. Transferiram, deixaram esses moradores em
situação irregular, e é a Administração atual que está regularizando essa
situação.
Portanto,
não importa o debate de como é e se é ou não demorado o processo de
regulamentação fundiária. Ele tem que ser enfrentado, como a ação da
Administração Popular, a partir de 1989, vem enfrentando o problema. Muito
diferente de outras administrações que deixavam o povo amontoado nas vilas e
nem estavam preocupados com a questão da posse da terra e como a resolveriam.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista está com a
palavra para uma Comunicação de Líder pelo PFL.
O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, eu estava-me encaminhando para fazer um outro tipo de
pronunciamento, sobre o IPTU, sobre o fato de que alguns moradores desta Cidade
receberam, há alguns dias, várias notificações de valores de defasagem de anos
de exercício, desde 1994. Mas depois da vinda do Ver. Renato Guimarães a esta
tribuna, tive que mudar o tema da minha manifestação.
Nem
vou entrar no mérito da questão da saúde, Ver. Renato Guimarães, dos repasses
da área federal, da melhoria que V. Exa. diz que houve aqui, na Cidade de Porto
Alegre, e do debate que V. Exa. quer fazer para que o Ministério mande mais
recursos, V. Exa., que foi Presidente da Comissão de Saúde e é sabedor de que
os tetos estipulados àquela época o foram pela própria Prefeitura de Porto
Alegre, sim, senhor.
Mas
não é esse o assunto, Ver. Renato Guimarães, o segundo assunto me deixou mais
perplexo: V. Exa. alega que a Vila Nova Brasília está regularizada. Convoco V.
Exa. para irmos à Vila Nova Brasília, visitarmos casa por casa para vermos se
está regularizada. V. Exa. citou Vila Nova Brasília e Vila Asa Branca. Srs. Vereadores,
é uma grande mentira isso que o Ver. Renato Guimarães vem dizer desta tribuna:
que a Vila Nova Brasília está regularizada. V. Exa. não é sabedor do problema
da Vila Nova Brasília, da situação em que a comunidade se encontra, tentando
regularizar. Convido V. Exa. para ir comigo, no dia 29 de agosto, à Vila Nova
Brasília, quando o Diretor do DEMHAB lá irá, justamente para começarmos uma
negociação para a regularização daquela vila, Ver. Renato Guimarães. V. Exa.
não sabe o que disse nesta tribuna. O seu Diretor do DEMHAB marcou, com este
Vereador e a comunidade, a primeira reunião, no dia 29 de agosto, para
começarmos a decidir da regularização. V. Exa. é que mente para a população
daquela região. É uma inverdade, é incorreta a sua informação, é uma informação
de papel apenas.
Convido
V. Exa. para irmos à Vila Asa Branca, também não está regularizada. Para mim só
existe regularização quando a pessoa pode vender o seu imóvel, quando a pessoa
tem direito a ganhar a sua escritura, e isso não acontece nessas vilas há
muitos anos. Posso até dizer, junto com V. Exa., que os governos anteriores
também não se preocuparam com isso.
Convido
V. Exa. a ir nessas vilas, que foram citadas aqui, para ver se elas foram
regularizadas.
Começar
um processo de regularização, Ver. Renato Guimarães, não quer dizer que já está
regularizada. O Diretor do DEMHAB foi muito claro com este Vereador e com a
comunidade, de que existe um processo de longo prazo e muito complexo para que
isso ocorra.
Não
começou, Ver. José Valdir. V. Exa. é outro que está desinformado. Acredito que
V. Exa. não tem essa informação, porque a Vila Nova Brasília e a Vila Asa
Branca, principalmente a Nova Brasília, não começou a negociação para a sua
regularização.
Existe
uma reunião marcada com os técnicos do DEMHAB, e V. Exa., Ver. Renato
Guimarães, pode pegar o telefone e ligar para o seu Diretor e confirmar a
existência desta reunião que tem por objetivo iniciar o processo de negociação
de regularização da Vila Nova Brasília.
Então,
Srs. Vereadores, o Ver. Renato Guimarães tenta, mais uma vez, aqui, ludibriar a
comunidade, principalmente a da Vila Nova Brasília e da Vila Asa Branca. É
inverdade o que o Ver. Renato Guimarães disse desta tribuna: que a Vila Nova
Brasília, do Bairro Sarandi, perto da Vila Elizabeth, está regularizada. Ver.
Renato Guimarães, informe-se melhor. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Luiz Braz para uma
Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Nereu D’Ávila, Presidente desta
Casa; Ver. Adeli Sell, Secretário; Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras. É claro
que aqueles que tomaram o poder em 1989, logo depois da Constituição de 1988...
(Aparte
anti-regimental.)
Vereador-Presidente,
se o Ver. Renato Guimarães não tiver educação para ouvir o Vereador que está na
tribuna, eu prefiro desistir do meu tempo de Liderança, porque estou sendo
inviabilizado.
Pediria
para que V. Exa., Vereador-Presidente, me garantisse a palavra, ou então, é
melhor não existir mais Parlamento, porque é só o Ver. Renato Guimarães dizer o
que tem que acontecer!
O SR. PRESIDENTE: Eu assegurarei a palavra a V. Exa. Peço
aos Vereadores que respeitem o Vereador que está na tribuna, por favor.
Vereador Luiz Braz, pode ficar tranqüilo.
O SR. LUIZ BRAZ: Estou começando o meu pronunciamento com
um minuto de atraso novamente, Presidente. Mas, então, quando aqueles que
tomaram o poder em 1989 reclamam que as administrações anteriores não fizeram
as regularizações fundiárias necessárias ou não trataram as vilas como deveriam
tratar, acusando, inclusive, parceiros hoje da Administração, porque eu lembro
do Dr. Alceu Collares, que assumiu o poder em 1º de janeiro de 1986. Só que
acontece o seguinte: o que o Ver. Renato Guimarães e os Vereadores do PT
deveriam falar aqui, desta tribuna, é que essas administrações assumiram sob a
égide de uma Constituição municipalista, eles tiveram muito mais recursos,
muito mais dinheiro que as outras Administrações. E deveriam, também, dizer,
Ver. Isaac Ainhorn, do trabalho desta Casa em 1989, quando nós contribuímos
para que aquela Reforma Tributária acontecesse, e nós pudemos, então, dar muito
mais recursos para que o Município fizesse todo o trabalho que tinha que
realizar. Esta Casa aprovou a Reforma Tributária e colaborou para que a Reforma
Tributária pudesse acontecer. Então, é claro que essas administrações tiveram
dinheiro.
A
mentira que é contada, Ver. Renato Guimarães, é que as obras só surgiram porque
aconteceu o Orçamento Participativo. Esta é a grande mentira, o grande engodo,
a grande farsa! As obras que surgiram após, surgiram exatamente porque as
administrações tinham dinheiro; as outras não tinham. Olhem o orçamento com que
trabalhou o Ver. João Dib, em 1983, quando fui Vereador pela primeira vez nesta
Casa; olhem os outros orçamentos; e, agora, olhem o orçamento com que trabalha
o Dr. Raul Pont. O Dr. Raul Pont trabalha com um orçamento de mais de um bilhão
de reais e, se não bastasse esse valor, a vergonha para este Município.
Eu
vou continuar criticando, porque aplica-se em obras, no Município de Porto
Alegre, em torno de cem milhões de reais no ano, mas quanto se gasta em
propaganda, Ver. João Dib, para dizer que esta Administração é boa? E para
dizer que o Orçamento Participativo é o responsável por tudo isso? Gasta-se
cerca de doze milhões de reais. Se o Ver. Renato Guimarães achar que não é
correto, ele que peça para o Dr. Raul Pont responder um Pedido de Informações
que fizemos, perguntando para o Executivo quanto exatamente ele gasta para
divulgar o Orçamento Participativo e com a sua propaganda oficial. O Executivo
negou-se a responder. Então, a única coisa que tenho em mãos é o orçamento
votado por esta Câmara, contra o voto deste Vereador e de alguns outros
Vereadores, onde aprovou-se 1,2 do orçamento para propaganda, e 1,2 de um
bilhão e cem milhões de reais é em torno de treze milhões de reais. Sim, Ver.
Renato Guimarães, V. Exa. precisa ler o Projeto de Orçamento e ver que 1,2
também é sobre a verba do SUS. Nós temos um bilhão e cem milhões de reais para
causar reflexo nesse 1,2, o que dá, exatamente, treze milhões em propaganda
para dizer que Administração é boa, para se auto-elogiar. Ver. Pedro Américo
Leal, alguma coisa está acontecendo de errado e alguma coisa tem que ser
trocada neste Município para que possamos realmente ter mais benefícios para a
população, para que a população possa ganhar esses treze milhões de reais.
Quantas obras poderiam ser feitas com esses treze milhões de reais? Quantas
melhorias, quantas vilas poderiam ser regularizadas, Ver. Renato Guimarães, com
esses treze milhões de reais que são gastos pela Administração Municipal apenas
para que se diga que a Administração é muito boa. Olha, um dia o povo ainda vai
cobrar tudo isso. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
partir de hoje começa a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias para o ano
2.000. E nós queríamos chamar a especial atenção para uma Emenda onde estamos
propondo a utilização dos espaços das escolas aos fins de semana, a utilização
das dependências das escolas principalmente para o lazer, para a recreação e
para o desporto. Enfatizamos, ainda, aquelas escolas da periferia de Porto
Alegre.
Entendemos
que hoje, Porto Alegre, como muitas grandes cidades, carece de lugares para a
prática desportiva, a pratica do lazer, a prática de recreação. E por esse
motivo ingressamos com esta Emenda, fazendo com que as escolas do Município de
Porto Alegre, principalmente aquelas que dispõem de locais para a prática
desportiva, possam abrir as suas dependências para os fins de semana onde a
comunidade do entorno, aquela comunidade carente, possa fazer da sua escola não
só escola, mas, também, o seu clube, a sua convivência.
O
Ver. Adeli Sell entrou com uma Subemenda propondo que essas parcerias sejam
feitas com as comunidades. É óbvio, Vereador, agradecemos pela sua Subemenda
porque entendemos que quem deve utilizar esse espaço é justamente a comunidade
do entorno.
Então,
esperamos que nesses dias de discussão visando ao orçamento para o ano 2.000,
nós possamos contemplar esta Emenda. Temos certeza que a comunidade do entorno
das escolas municipais terá mais uma opção de lazer, de recreação, de desporto,
principalmente nos fins de semana, porque terão um local seguro, controlado
pela própria comunidade, e um local que estimula, e muito, a prática
desportiva.
Esse
é o nosso encaminhamento, a nossa leitura, e de antemão solicitamos que os
demais Vereadores, por ocasião dessa proposição, votem favoravelmente, porque
temos certeza de que quem ganhará com isso será a comunidade de Porto Alegre.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
O SR. JOÃO MOTTA (Requerimento): Sr. Presidente, já consultei algumas
Lideranças, requeiro que invertamos a ordem dos trabalhos da Ordem do Dia, para
que apreciemos primeiro o PLE nº 009/99, que dispõe sobre as Diretrizes
Orçamentárias para 2000.
O SR. PRESIDENTE: Eu acho que como há muitas Emendas e
destaques, e na quarta-feira teremos seis Projetos importantes para votação,
além da presença do Sr. Secretário de Transportes, o Requerimento do Ver. João
Motta é absolutamente plausível.
Em
votação o Requerimento do Ver. João Motta. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os Vereadores/05
minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem
aparte)
PROC.
1837/99 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 009/99, que dispõe sobre as Diretrizes
Orçamentárias para 2000 e dá outras providências. Com Emendas nºs 01 a 03; 05 a 11; 13 a 67. Com Subemenda nº 01 à Emenda
nº 07. Com Subemenda nº 01 à Emenda nº 26. Com Subemenda nº 01 à Emenda nº 30.
Com Subemenda nº 01 à Emenda nº 32. Com Subemenda nº 01 à Emenda nº 38. Com
Subemenda nº 01 à Emenda nº 44. Com Subemenda nº 01 à Emenda nº 49. Com
Subemenda nº 01 à Emenda nº 52.
Parecer:
-
da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela aprovação do Projeto e das
Emendas nºs 01; 06; 07, com Subemenda nº 01; 08; 13; 15; 18 a 20; 22 a 24; 26,
com Subemenda nº 01; 27 a 29; 30, com Subemenda nº 01; 31; 32, com
Subemenda nº 01; 33 a 35; 37; 38, com
Subemenda nº 01; 39; 41 a 43; 44, Com Subemenda nº 01; 45; 47; 48; 49, com a
Subemenda nº 01; 50; 51; 52, com a Subemenda nº 01, 53; 64 a 67; e pela
rejeição das Emendas nºs 02; 03; 05; 09 a 11; 14; 16; 17; 21; 25; 36; 40; 46;
54 a 63.
Observações:
- O Projeto será votado com as Emendas com
Parecer pela aprovação, nos termos do Art. 120, VI, do Regimento da CMPA;
- para a votação em separado de Emenda com
Parecer pela aprovação ou rejeição,
será necessário requerimento nesse sentido, subscrito por um terço dos membros
da Casa – Art. 120, VI, do Regimento da CMPA;
- “quorum” para aprovação: maioria
simples de votos, presente a maioria absoluta dos Vereadores – art. 53,
“caput”, c/c art. 82, “caput”, da LOM;
- retiradas as Emendas nºs 04 e 12.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE n.º 009/99. O Ver.
Adeli Sell está com a palavra para discutir.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
abrimos, neste momento, uma importantíssima discussão sobre a Lei de Diretrizes
Orçamentárias do Município de Porto Alegre. A atenção de todos nós, 33
Vereadores, a esse texto é de fundamental importância, porque é exatamente a
Lei de Diretrizes Orçamentárias que orienta clara e objetivamente o que vamos
arrecadar e o que vamos, fundamentalmente, gastar no ano que vem. São as
diretrizes do orçamento que estão em debate, em discussão neste momento. Houve
um conjunto de Emendas, eu tive o privilégio, na Comissão de Economia, Finanças
e Orçamento, presidida pelo meu colega de Bancada Ver. João Motta, de ser o
Relator dessa matéria. O nosso Parecer foi aprovado na Comissão. Nós aceitamos
um conjunto de Emendas propostas pelos Srs. Vereadores; Emendas que
qualificavam o nosso Projeto de Lei vindo do Executivo, Projeto que Lei que faz
com que esta Cidade tenha um ordenamento, que esta Cidade tenha uma projeção
para o futuro. Os gastos vinculados a setores que consideramos prioritários.
Houve
também importantes debates sobre os gastos com a publicidade; houve esse debate
e sem dúvida nenhuma haverá esse debate aqui. Nós insistimos na Comissão e aceitamos
uma Emenda do Ver. João Bosco Vaz que coloca até 1% dos gastos com publicidade.
Isso não quer dizer que gastaremos isso, pelo contrário, em nenhum momento nos
últimos anos foi gasta essa parcela. Há essa possibilidade e nós Vereadores
temos o direito e o dever de acompanhar a execução orçamentária oriunda dessa
Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Tivemos
uma discussão bastante grande com o Ver. João Dib sobre os gastos na área da
saúde. Nós temos uma divergência aqui, vamos marcá-la e demarcá-la desde já.
Nós
não incluímos o orçamento do DMAE. Por que isso? É muito simples, o DMAE tem
uma função, uma arrecadação e uma destinação específica.
Nós
levamos em conta os gastos da saúde, por isso falamos no percentual de 13, 14,
15%, que foi gasto no último período, porque para nós não está em discussão o
orçamento do DMAE. Se levássemos isso em consideração, poderíamos discutir
aqui, inclusive, o percentual do DMAE que é gasto na prevenção, na defesa da
saúde.
A
água bem tratada, canalizada, com a qualidade que tem Porto Alegre, é saúde
pública, mas como tem uma função específica, nós deixamos essa questão de lado,
estamos tratando dos gastos gerais da nossa Cidade.
Nós
queremos, com toda a clareza e tranqüilidade, discutir essas questões. Já
pontuei duas. Nos momentos de votação, vamos discutir especificamente essas
questões.
Também
corre nesta Cidade, e neste Plenário, a discussão sobre o necessário aumento da
arrecadação, até porque entrará em Pauta em seguida e tem tudo a ver com o
debate que estamos fazendo agora, pois se tratam de gastos, os oitocentos e
onze cargos da saúde e os quarenta e cinco da educação.
Houve
também alguns Vereadores que fizeram tentativas de engessar a Lei de Diretrizes
Orçamentárias.
Temos
divergências sobre a apresentação do Plano de Investimentos. O debate,
portanto, está aberto.
Eu
tenho certeza que, com a tranqüilidade que merece a discussão, faremos um bom
debate e teremos uma grande Lei que orientará o orçamento da nossa Cidade.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir o PLE nº 09/99.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, antes de
mais nada, eu quero concordar com o nobre e eminente Vereador que me antecedeu:
“Se bem discutido o Projeto, a Lei de Diretrizes Orçamentárias será uma boa
base para que se elabore um bom orçamento para a Prefeitura, para a Cidade no
próximo ano. Eu dou inteira razão ao Ver. Adeli Sell, que foi o relator na
Comissão de Finanças, quando ele faz essa afirmação: “Se bem discutido”. E como
se discute uma matéria da importância dessa? Discute-se tecnicamente e não
politicamente. Não se faz um parecer rejeitando as Emendas porque elas foram
feitas pelo Ver. João Dib. Não! Não se faz essa rejeição pura e simplesmente.
Então, eu vejo que não houve nenhuma intenção de bem discutir a matéria. Ela
foi politicamente apreciada, e isso está errado. Não é o que faz este Vereador.
Quando
o Prefeito trouxe a esta Casa um Projeto dizendo que precisava criar cargos, a
primeira pessoa a pedir urgência - e quando dada a urgência o relatório já
estava pronto - foi este Vereador. Era interesse da Cidade. E essa Lei é do
interesse da Cidade também. O Ver. Adeli Sell diz que tudo deve ser bem
discutido. Eu acrescento: não politicamente; tecnicamente.
Eu
vejo que a Emenda nº 2 foi rejeitada. As despesas com publicidade eu propus que
fossem de 0,5% sobre o orçamento. Só no Cidade Viva, no ano que passou,
gastaram mais de seis milhões de reais. É como eles escondem o fluxo de caixa.
Nós não sabemos bem como foi, mas basta ver que, no dia 5 de março deste ano,
estava-se suplementando o orçamento, e o Diário Oficial foi editado no dia 5 de
março com data de 31 de dezembro para que pudessem suplementar o orçamento e pagar gastos com publicidade.
Eu
pedi que se fizesse um laboratório farmacêutico para atender às necessidades da
Cidade. Todo o mundo sabe que os remédios aumentam, criticam os seus aumentos,
mas não fazem a economia que pode ser feita, não atendem aos servidores da
maneira como pode ser feito, não atendem à comunidade da maneira como pode ser
feito. Mas foi o Ver. João Dib quem propôs e já estava na Lei de Diretrizes
Orçamentárias deste ano, e o Ver. Adeli Sell entendeu que deveria ser
rejeitada, tecnicamente, conforme o faz.
“Estabelecer
isonomia de vencimentos entre os servidores”. Não fui eu que inventei, está na
Lei Orgânica. A Lei Orgânica não deve ser cumprida, só deve ser jurada. Isto
fica muito bem lá no PT, mas para mim não.
“O
montante das despesas com saúde não será inferior a 13% das despesas globais do
Município, excluídas do cálculo as transferências da União e do Estado,
referente ao Sistema Único de Saúde”.
Não
inventei, está escrito na Lei Orgânica, está aqui o processo em que a Comissão
de Justiça, por unanimidade, com dois votos do PT, diz que os 13% é o orçamento
global da Prefeitura. Não inventei, está escrito na Lei Orgânica que jurei
cumprir e pretendo cumprir. Agora, o PT pode descumprir, dizer que examinou
muito bem esse tipo de proposição que fazemos.
“Admissão
de servidores na Administração Pública Municipal será efetuada conforme o que
dispõe o art. 19 da Lei Orgânica Municipal”.
Até
o art. 19 o Prefeito colocou e eu acrescentei: “as cartas-contrato somente
serão admitidas nos casos e prazos previstos no inciso IV, art. 24 da Lei 8666,
ou seja, em caso de calamidade pública, emergência decretados, e art. 2º da Lei
Municipal”
Tudo
é lei, não inventei. E diz que foi tecnicamente estudado para bem servir à
Cidade. Não. O Prefeito tinha 1500 cartas-contrato na saúde, médicos e
enfermeiro, auxiliares de enfermagem contratados, reiteradas vezes, apesar de
dizer no primeiro contrato que era improrrogável.
Então,
chega ao cúmulo de um médico, terminando seu contrato no dia 31 de maio, e já
fez outro contrato no dia 5 de maio. Não estou inventando, foi a Administração
que me informou. Então, tenho que me precaver, tenho que fiscalizar, este é o
meu dever maior, não é fazer leis. Quando falei em Pauta disse que hoje há 22
Projetos, não é esse o nosso dever. O nosso dever é fiscalizar.
Poderia
continuar com outras Emendas que não foram tecnicamente examinadas e sim
politicamente, olharam quem assinava embaixo. Saúde e paz.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
discutir o PLE nº 09/99.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há
muitos anos que voto Projetos de orçamento nesta Casa; este ano completam-se
dezessete anos.
Dos
Projetos de Lei de Diretrizes Orçamentárias não me lembro de nenhum que não
tenha vindo propondo primeiramente que a suplementação seja possível até 10%.
Nós sempre colocamos uma Emenda para que essa suplementação seja possível até
5%. Eu, particularmente, sou favorável a que toda suplementação tivesse que
passar por esta Casa, porque é uma obrigação dos Vereadores fiscalizar. Para
que nós possamos fiscalizar, o ideal seria que toda suplementação tivesse que
passar pela Casa, mas já é uma praxe, já é um costume dos Vereadores concederem
às administrações do PT 5% de suplementação, mas nos Projetos sempre vem 10%.
Para
a Câmara Municipal também é assim: o que temos é que sempre a dotação vem de
3,5% para que possa receber aquela Emenda salvadora de algum Vereador,
sugerindo que fique em 4% das receitas correntes do Município, e o PT sempre
aceita os 4% da receita corrente do Município. Não sei por que nos Projetos que
são enviados para a Câmara já não vêm fixados os 4% possíveis de despesa do
Legislativo, que são 4% das receitas correntes.
Não
é, por exemplo, o que acontece com a propaganda. Para propaganda nós temos para
este ano 1,2%, Ver. João Dib. Há uma Emenda de V. Exa. que propõe 0,5%, que
está sendo rejeitada pelo Relator. Eu ouvi do Ver. Adeli Sell, quando veio à
tribuna, que a Bancada Petista está disposta a aceitar uma Emenda do Ver. João
Bosco Vaz que está propondo 1%. Sabem o que significa 1% do total da
arrecadação de Porto Alegre? A receita arrecadada em Porto Alegre deve estar
girando hoje em torno de um bilhão e cem milhões de reais, mais ou menos, é
essa a receita de Porto Alegre. Imaginem que, para o orçamento do ano que vem,
essa receita acabe ganhando mais alguns componentes, eu acredito que deva
chegar em torno de um bilhão e duzentos milhões de reais, mais ou menos, a
receita praticada. Coloquem 1% em torno desse montante e vamos ter doze milhões
de reais jogados para a propaganda, para dizer que o Orçamento Participativo é
maravilhoso, que é magnânimo. É a única coisa que a Administração Municipal
sabe fazer em termos de propaganda. Vejam bem, doze milhões que poderíamos
colocar em obras dentro do Município, estamos, na verdade, jogando fora, porque
ele é mal-administrado.
A
propaganda dos poderes públicos é boa quando é bem-orientada, quando serve para
orientar a população. Mas essa propaganda que ouvimos nos rádios, que vemos nas
televisões, somente serve para fazer a apologia do Orçamento Participativo, que
é um instrumento do PT, só isso. Acredito que esse dinheiro está sendo gasto de
uma forma ilegal. Consta na Lei de Diretrizes Orçamentárias que os gastos que vamos
fazer são aqueles recomendados pelo Orçamento Participativo. Isso é uma coisa
que deveríamos escoimar, para usar um termo que o nosso Presidente gosta muito
de usar, mas vamos acompanhar o restante dos debates.
Hoje,
deveremos votar o Projeto, não acredito que possamos vencer todas as Emendas,
mas o Projeto é claro que vamos aprovar e as Emendas serão discutidas no
prosseguimento. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a
palavra para discutir o PLE nº 09/99.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nessa
discussão preliminar sobre as Emendas da LDO, mais uma vez verifica-se a
postura errada e equivocada do Executivo Municipal em não buscar ampliar
programas na área de educação, de não dar o apoio devido aos portadores de
deficiência. Há aqui uma Emenda do meu colega, o Ver. Eliseu Sabino, no sentido
de se criar um programa de segurança nas escolas municipais que sofrem de
insegurança. Não há guardas municipais nas escolas infantis; em todas as
escolas não há serviço de portaria, e assim mesmo o Governo Municipal não se
preocupa com a segurança nas escolas. Isso que só há 46 escolas de primeiro e
segundo graus ou de ensino fundamental, e 43 ou 44 escolas infantis. Pois mesmo
assim o Governo Municipal não tem interesse em fazer um programa de segurança
nas escolas. Essa é a primeira obrigação do governante. Isso nós temos que
lamentar profundamente.
Outro
aspecto, é o que se refere à rede de escolas para atendimento a portadores de
deficiência no Município de Porto Alegre, onde há somente 4 escolas, e essa
situação não é alterada há cerca de 10 anos. Essa é a responsabilidade do
Governo Municipal de Porto Alegre. Essa Emenda se coloca desde o ano de 1994. A
Bancada do PTB sempre tem colocado a respeito da ampliação da rede de escolas
para portadores de deficiência, e o Município de Porto Alegre continua com
apenas quatro escolas para dar atendimento aos nossos portadores de
deficiência, especialmente, deficiência mental, que são aqueles que têm
problemas maiores. Eu nem falo dos outros portadores de deficiência que não têm
nenhum amparo ou abrigo dentro do Governo Municipal: os deficientes auditivos,
visuais, etc., que são esquecidos. E àqueles deficientes que são
semivegetativos, o Governo Municipal também não dá nenhuma atenção. E o gozado
é que gosta de falar sempre nos excluídos e gosta de dizer que se preocupa com
os excluídos. Pois, estes excluídos continuam excluídos, e não têm vez.
A
outra questão, Srs. Vereadores, é no que tange às verbas publicitárias. É claro
que o Governo Municipal tem que ter cada vez mais verbas publicitárias. Mas eu
fiz, num Pedido de Providências, uma sugestão ao Prefeito Municipal: já que
gasta tanto com publicidade, para que utilizasse a publicidade oficial para
campanhas de conscientização, de educação, campanhas sociais realmente, quando
existem tantos espaços diários em jornal, televisão, rádio, de publicidade do
Governo do PT. Pedi para que fizesse uma campanha de esclarecimento à
população, pela EPCT, para a utilização das áreas em frente às farmácias, para
o cumprimento da lei. Poderia utilizar as verbas de publicidade para
conscientizar a população de que os automóveis só podem ficar parados, no
máximo, quinze minutos, na frente de farmácias, que precisam estar com o
pisca-alerta ligado. Qual foi a resposta do Prefeito? Que as farmácias façam
campanhas. Mas, ora, para que é o dinheiro público? Para que é o dinheiro da
verba de publicidade senão, justamente, para fazer campanhas de interesse da
sociedade? Não! As campanhas que têm que ser feitas são só as do Orçamento
Participativo - e para dizer inverdades! Então, com campanhas desse tipo, o
Governo não se preocupa; campanhas educativas, de orientação, não são feitas.
Por que não se usa o dinheiro de publicidade para fazer campanhas para educar?
Por
exemplo, que em Porto Alegre exista uma lei que proíba a venda de bebida
alcoólica para menores de dezoito anos e que cace o alvará de quem vender.
Conscientizar a juventude do mal das drogas! Não, nem para isso usa as verbas
de publicidade! Além de gastar demais em publicidade, não gasta corretamente,
não usa nem o espaço que tem para conscientizar a população. Então, imaginem:
cobra dos proprietários de farmácias que coloquem placas de sinalização, que pintem
na frente da farmácia, e quando eles pedem uma campanha educativa para evitar
as multas, recomenda que os próprios comerciantes façam a campanha.
Então,
realmente, existem distorções que, na nossa Lei de Diretrizes Orçamentárias,
sempre se procura corrigir, mas que, na prática, o Governo Municipal muito
pouco utiliza de tudo o que é aprovado pela Câmara em termos de Leis de
Diretrizes Orçamentárias. Ou praticamente nada é assimilado pelo Governo
Municipal daquilo que devem ser realmente as linhas para o próximo orçamento do
Município. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra
para discutir o PLE nº 09/99.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não
pretendia discutir essa matéria, mas diante da liberalidade com que tem-se
usado, nesta tribuna, a manipulação de conceitos e a falsa informação,
obrigo-me a vir nesta tribuna.
Os
telespectadores do Canal 16 podem estar pensando, pelos Vereadores da oposição
que usaram esta tribuna, que o Município de Porto Alegre inventou a
suplementação, inventou a publicidade, a propaganda. Do jeito que a oposição
fala neste microfone, da forma pouco séria com que trata esse assunto, é de se
pensar. A questão da suplementação é uma prática, em todos os governos,
perfeitamente legal, porque está enquadrada essa possibilidade dentro da Lei nº
4320, que é de 1964. Todos os governos se utilizaram disso. Falta apenas dizer
isso, que isso não é invenção do PT. O Governo do Ver. João Dib, na Prefeitura,
o Governo do Britto, o Governo do Collares, todos utilizaram. No entanto, o
proselitismo fácil vem aqui passar a idéia de que parece que o PT está
inventando a suplementação. Isto é um mecanismo necessário, porque uma coisa é
fiscalizar o Executivo, outra coisa é querer que todas as questões, qualquer
detalhe, qualquer vírgula, tenham que vir para esta Casa. Isto é
“democratismo”. Isto é romper com a harmonia dos Poderes, é querer que um Poder
se sobreponha a outro. O PT não inventou isto, todos os Governos sempre
utilizaram.
Outra
questão é comparar o orçamento atual da Prefeitura com o orçamento do tempo do
Ver. João Dib. Em primeiro lugar, há um problema sério, que é o problema da
moeda. Em segundo lugar, é uma simplificação, porque a conjuntura econômica e política,
no tempo em que o Ver. João Dib foi Prefeito desta Cidade, era outra
completamente diferente. Nós vivíamos numa situação de amordaçamento quase que
completo do Parlamento, nós vivíamos os estertores da Ditadura Militar, e os
municípios não tinham todos esses encargos que a Constituição de 1988 atribuiu
a eles, através da municipalização das políticas sociais.
A
questão da propaganda, é outra coisa. Estão vendendo a idéia de que parece que
é só na Administração Petista que fazem publicidade. Mas estão esquecendo de
dizer duas coisas: a primeira, que quase 80% são publicidades legais e oficiais
necessárias, são os editais; a segunda, é outro pequeno detalhe que revela a
falta de seriedade: naquele caderno do PMDB, que denunciava manipulação, falava
em 5,8 milhões que eram gastos em publicidade. Aliás, sobre esse caderno eu fiz
um Requerimento à Mesa e, estranhamente, a Diretoria-Geral, sem me avisar,
mandou arquivar, dizendo que a Câmara não tem recursos para adquirir aqueles
cadernos para distribuir fartamente à população de Porto Alegre. Mas não
precisa recursos, porque eles são distribuídos gratuitamente, e mandaram
arquivar sem me avisar. Está aqui o Requerimento. Naquele caderno, falava em
5,8 milhões; agora, a oposição veio aqui e já virou em doze, treze milhões. Mas
como é que pode? A população de Porto Alegre merece mais respeito, Ver. João
Antônio Dib! A população de Porto Alegre não é burra, não pode ser tratada
dessa forma!
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, quando V. Exa. diz que a população não é tola - não
vou usar a expressão que V. Exa. usou - sabe muito bem que não o é. Eles não
vão acreditar que 80% de publicidade seja institucional. É só ver os três
quartos de páginas do Orçamento Participativo.
Mas
o que quero referir é sobre aquele autoritarismo de que V. Exa. tanto fala: na
minha Administração era obrigado - e com tranqüilidade se fazia - a encaminhar
para a Câmara a aprovação de convênios, de projetos, de concorrências. Hoje
tudo é feito às escondidas, e a Prefeitura não mostra a ninguém.
O SR. JOSÉ VALDIR: Pois é, nós fomos eleitos pelo voto
direto, V. Exa. foi eleito pelo voto indireto, e a oposição vem aqui dizer que
nós tomamos o poder. Veja bem o absurdo a que chegamos, nesta Câmara de
Vereadores, de falta de informação, de manipulação dos conceitos, Ver. Juarez
Pinheiro: nós, que fomos eleitos pela população de Porto Alegre por três vezes,
tomamos o poder! O Ver. João Antônio Dib, que foi pelo voto indireto, no tempo
da Ditadura Militar, foi eleito democraticamente. Não dá mais para entender,
realmente está acontecendo uma coisa muito séria nesta Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a
palavra para discutir.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, esta Casa, ultimamente, parece que esqueceu, no caso de alguns
parlamentares, de qualquer limite. Aqui se pode tudo. Pode-se legislar sobre
matéria de competência da União, sobre matéria de competência do Estado,
pode-se dizer que há um gasto de treze milhões em propaganda de Orçamento
Participativo. Eu penso que o debate não pode ser rebaixado dessa forma.
Pessoalmente, acredito que as questões do País não vão ser resolvidas na atual
estrutura do parlamento brasileiro, mas estamos aqui. E os Vereadores que
defendem um Estado organizado dessa forma não querem obedecer as regras que
defendem. Isso é uma contradição absurda! Não entendo isso! Pode-se tudo,
agora, nesta Casa! Legisla-se aqui, porque há o Canal 16: “Vou fazer isso, vou
fazer aquilo!” Por favor, vamos fazer um pouquinho de autocrítica, não é
possível isso!
O
Ver. João Antônio Dib, reiteradamente, numa discussão que tem cabimento
jurídico, vem a esta tribuna dizer que não gastamos muito dinheiro com saúde.
Ele passa, subliminarmente, com a inteligência que tem, a idéia de que o
Município de Porto Alegre não investe em saúde. Eu quero saber, Ver. João
Antônio Dib, qual é o município que gasta mais do que Porto Alegre, neste
momento? V. Exa. não saberia. Ver. João Antônio Dib, os 13% constantes na Lei
Orgânica, que V. Exa. interpreta que devem pegar também o orçamento do DMAE, do
DMLU, são fruto de um parecer minúsculo, pequeno, de alguns anos. Eu sou membro
da CCJ, quero fazer essa discussão novamente. Aliás, vou dizer a V. Exa. que
estou recorrendo disso, porque não entendo como possam retirar, desse
dispositivo da Lei Orgânica, a interpretação que V. Exa. vem, reiteradamente,
fazer neste Plenário.
O
Ver. Luiz Braz vem à tribuna e faz o cálculo de 1%, inclui verbas do SUS, que
são verbas absolutamente vinculadas, como exemplo do DMAE, do DMLU, e não diz
que publicidade envolve editais de licitação, envolve decisões das licitações,
envolve as campanhas de vacinações e inúmeras campanhas, e não diz que a
propaganda é de orientação social, é de caráter educativo. Vem aqui fazer esse
tipo de discurso, inclusive jogar à luz absurdos. Não é o que o Ver. João Dib
fez, mas ele o faz com outro tipo de viés e causa o mesmo mal, porque
desinforma a população.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, devo dizer que a Prefeitura utiliza cerca de 80
milhões de reais na saúde, e eu não vou retirar isso. Mas para mim só há dois
caminhos, o certo e o errado. Se V. Exa. apresentar uma Emenda alterando a Lei
Orgânica, e não 13% do orçamento global, vai levar o meu voto, mas enquanto
estiver escrito na Lei Orgânica, eu quero que seja cumprido.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Eu leio o Dispositivo e ele diz que é
13% do orçamento. V. Exa. acha cabível que se pegue das autarquias? Aqui diz
como nós votamos, Ver. João Dib, não adianta tergiversar. Isso é uma tautologia
que V. Exa. faz, absolutamente equivocada, porque nós votamos aqui o orçamento
do Município e votamos, separadamente, o orçamento do DMAE e do DMLU. E V. Exa.
desvia da discussão, por que quem é que investe tanto em saúde como o Município
de Porto Alegre, inclusive com repasses que não são feitos hoje pelo Governo
Federal, relativamente ao repasse de verbas do SUS, na questão do Projeto de
Saúde Família?
Temos
que fazer outro tipo de discussão. Essa peça orçamentária que vai ser votada
aqui é votada dentro de uma conjuntura de que o Governo Federal fica retirando,
cada vez mais, recursos dos municípios. E essa reforma tributária que vem aí -
é FEF, é Lei Kandir -, em Porto Alegre, apesar disso, não tem PDV; em Porto
Alegre, apesar disso, nós estamos fazendo contratações; em Porto Alegre, apesar
disso, cada vez há mais funcionários na área de assistência social, na área de
saúde e em todos os serviços públicos.
Acho
que esta Casa precisa-se dar conta de que não é porque há um canal de televisão
que se pode vir aqui e dizer qualquer coisa. Parece que aqui não há mais uma
estrutura jurídica, que a própria oposição desta Casa defende, e que eu acho
que não é a saída para os problemas do País. Mas vêm aqui e diz que pode tudo.
Isso é um absurdo! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Sônia Santos se inscreve e cede o
seu tempo para o Ver. João Dib, que está com a palavra para discutir o PLE nº
09/99.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, os
meninos do PT se excitam com facilidade. Eu, com a tranqüilidade de sempre,
disse e vou repetir que uma matéria da importância da Lei de Diretrizes
Orçamentárias deve ser estudada tecnicamente. Por isso, a Comissão de Finanças
elaborou parecer que não foi técnico, e, se não fora a concordância da minha
Bancada para não complicar mais, este parecer não estaria aqui. Nós queremos o
bem comum. Nós podemos e conseguimos realizar as coisas boas para a Cidade de
Porto Alegre. Nós não estabelecemos diferença, quando o projeto é do Prefeito,
ou quando o Projeto é do legislador. Só existe o certo e o errado. Quando o
Prefeito está certo - não quando ele quer viajar com mais diárias do que tem
direito - dou razão para ele, peço urgência e o Parecer já está pronto.
O
nobre e querido Ver. Juarez Pinheiro diz que é um parecer minúsculo da Comissão
de Constituição e Justiça - está aqui assinado pelo Ver. João Motta, Presidente
da Comissão de Finanças e que, à época, era Vice-Presidente da Comissão de
Constituição e Justiça; está aqui assinado pelo Ver. José Valdir, que veio aqui
e deu uma porção de pancadas no Prefeito João Antônio Dib sem razão nenhuma. O
Ver. Juarez Pinheiro não sabe que antes, quando o Prefeito mandava as propostas
orçamentárias, mas depois de falar várias vezes, ele retirou: ele dizia, o
orçamento global da Prefeitura e somava as autarquias. Então, eu não tenho
nenhuma restrição, desde que o caminho seja o certo. Se a Lei Orgânica diz que
é 13% do orçamento global, eu sei o que é o orçamento global da Prefeitura, do
Município; ele não diz da Administração Centralizada, e até se fosse da
Administração Centralizada não precisaria dizer que era do orçamento global.
Agora,
quando o Ver. José Valdir vem aqui e diz que 80% é gasto em publicidade
institucional - esta aqui tem meia página, hoje, nos jornais -, que publicidade
oficial, até falou oficial, aqui tem meia página. Quando o jornal Porto Alegre
agora, é editado com dezesseis, vinte, ou vinte e quatro páginas, com cento e
oitenta mil exemplares também é matéria oficial. Não. Matéria oficial é o
Diário Oficial. Matéria oficial são os editais, ou acaso eu esqueci no tempo o
que é matéria oficial? Isto não é matéria oficial. Não é. Então, estão querendo
pensar que a população não enxerga isso aqui. Hoje mesmo o Deputado Flávio
Koutzii reclamava violentamente que para colocar nas seis páginas dos três
jornais da Cidade, na primeira página, era muito dinheiro. Agora quando a
Prefeitura de Porto Alegre faz esta matéria aqui: “Trânsito, a Cidade anda
legal com a EPTC” não é o que a Câmara pensa.
O Sr. José Valdir: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Tenho duas questões, Vereador João Dib, que me honra com esse
aparte. Em primeiro lugar, eu acredito que a fronteira entre os aspectos
técnicos e os políticos é tão imprecisa quanto as fronteiras dos territórios da
Palestina. Em segundo lugar, eu já fico muito satisfeito que V. Exa. está
reconhecendo - já é um começo. Está começando a reconhecer que neste gasto de
publicidade também tem a publicidade legal e oficial. Já estou muito satisfeito
porque a população de Porto Alegre ultimamente está começando a ser
esclarecida.
O SR. JOÃO DIB: Nobre Vereador, o aparte de V. Exa.
enriqueceu o meu pronunciamento. Eu sempre disse que nesta tribuna eu sou um
político com formação técnica. Quando estive no Executivo, eu era um técnico
com sensibilidade política, e eu continuo tendo as duas coisas. Quero dizer a
V. Exa. que reconheço, sim, que o Diário Oficial colocou, mas os cartazes 66x44
a quatro cores, os convites impressos em serigrafia para vernissage que não tem
nada a ver com a Prefeitura, as revistas impressas em Inglês, em Espanhol e
Português que não têm nada a ver com a Prefeitura, mas colocam os nomes de
todos aqueles que aí estão, essas também são publicidade oficial, talvez seja
para levar para o Canadá o Prefeito vai viajar com autorização desta Casa.
Há
muita diferença entre a análise política da Lei de Diretrizes Orçamentárias e a
análise técnica. O Ver. Adeli Sell, com o brilhantismo que o caracteriza,
analisou politicamente e não disse nada, não disse por que rejeitava as
Emendas, apenas as rejeitou. Por isso nós destacamos e vamos debater uma a uma,
com os argumentos que nós temos alicerçados num passado de administrador,
alicerçados no conhecimento de Vereador, vamos discutir com a tranqüilidade de
sempre. Para nós ou é certo ou é errado, não há meio termo, eu prefiro sempre
trilhar o caminho certo. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a
palavra para discutir o PLE nº 09/99.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Neste
momento, a minha manifestação em torno do Projeto que começamos a votar daqui a
pouco é no sentido de registrar que a parte mais significativa das Emendas que
vêm sendo apresentadas nesta Casa, em especial pelos Vereadores de oposição, se
repete de ano para ano, como se repete de ano para ano o Veto do Sr. Prefeito
Municipal. São Emendas que colocam, com absoluta clareza, duas maneiras
diferentes de pensar o modo da Administração Pública Municipal de Porto Alegre,
mas, sobretudo, colocam com absoluta clareza as contradições que o Partido dos
Trabalhadores apresenta quando é poder e quando é oposição.
Ainda
há pouco ouvi aqui o exacerbado discurso do Ver. Juarez Pinheiro criticando que
as Emendas apresentadas por alguns Vereadores desrespeitam as regras mínimas
jurídicas daquilo que pode ou não pode um Vereador fazer. Ora, se isso é
verdade, eu poderia dizer que o mesmo fazem ou faziam os Deputados Estaduais do
PT na Assembléia Legislativa, quando na oposição, e fazem hoje Deputados
Federais do PT na Congresso Nacional, e seus Senadores.
Vou
lembrar o caso mais histórico e de maior persistência, pelo qual, inclusive,
tenho o maior respeito, que é o caso do Deputado Paulo Paim, que há anos
apresenta, permanentemente, o mesmo tipo de Emenda, que é a modificação do
salário mínimo para viger nesse País, ainda que sabendo que esse é o tipo de
legislação que não tem iniciativa legislativa, mas apenas executiva.
Então,
vir reclamar que Vereadores da oposição apresentam Emendas que não teriam,
eventualmente, amparo legal, das duas uma: é ingenuidade, e acho que não é,
pela experiência que esses Vereadores têm nesta Casa, ou é a tentativa, pura e
simplesmente, de enganar a opinião pública, fazendo com que aqueles Vereadores
que tentam evidenciar estas contradições passem a ser vistos como Vereadores
irresponsáveis, ou talvez como Vereadores incompetentes, que não sabem o que
estão fazendo.
Ora,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sabemos muito bem o que estamos fazendo.
Embora eu não morra de amores por esse tipo de Emenda, que vai diretamente
modificar determinados valores de determinadas obras, acho sim que é
absolutamente legítimo ao Vereador fazer esse tipo de apresentação. Por quê?
Ele não tirou isso da sua cabeça. Obviamente ele foi instado por um segmento de
população que, por um ou outro motivo, entende-se desatendido por parte da
Administração.
Vou
trazer aqui a Emenda do ano passado ao Orçamento em relação à APAE, onde houve,
inclusive, participação de diferentes Vereadores da oposição, da situação,
tentando resolver o impasse em que ficamos quando a Emenda, de minha autoria,
vetada pelo Prefeito Municipal, iria ter o seu veto derrubado nesta Casa.
Então, houve uma espécie de recuo, a busca de um acordo pelo qual a
Administração Municipal assumia ampliar a contribuição, o repasse à APAE, mas,
ao mesmo tempo, abríamos mão da derrubada do Veto, como de fato fizemos, sem
nenhum problema.
Então,
se há radicalização de alguma coisa certamente não tem sido por parte da
oposição, mas tem sido muito mais - não diria da Bancada da situação, e quero
aqui manter o respeito com os companheiros, Vereadores do PT - da Administração
Municipal, que não admite que algum Vereador de oposição possa fazer Emenda,
através da qual faça uma espécie de co-gestão ou co-administração. E dou um exemplo simples, porque a este
exemplo vou voltar depois, quando da Emenda específica: há mais de quatro anos,
o então Vereador Airto Ferronato apresentou uma Emenda ao orçamento, e de lá
para cá, nós temos repetido essa Emenda todos os anos, que prevê que os
Projetos discriminando aquele trabalho relativo à Administração, devem vir a
esta Casa até o final do ano. Há quatro anos o PT e a sua Administração vetam
esse tipo de legislação. Por quê? Não querem ter a transparência que alegam! E
parece que essa é a contradição básica.
No fundo, no fundo, essa é a grande discussão no debate que ora nós iniciamos
sobre a LDO.
No
mais, são questões gerais, são algumas questões pontuais, das quais, se
acertarmos aqui o debate, algumas podem ser invalidadas, outras definitivamente
derrubadas. Agora, a bela, a importante, a fundamental discussão exatamente é
esta: até que ponto o PT, na situação, é democrático, no sentido de admitir que
a oposição emende e participe da administração com algumas sugestões que são
corroboradas evidentemente através das Emendas? Este é o desafio, este, para
mim, é o grande debate. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): A Vereadora Clênia Maranhão está com a
palavra para discutir o PLE nº 09/99.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, damos continuidade, neste momento, a talvez uma das mais
importantes discussões que nós fazemos nesta Casa, que é a discussão que levará
à aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentária do Município e às respectivas
Emendas, que são apresentadas pelo Plenário.
Tendo
em vista as afirmações, na minha avaliação incompreensíveis, dos Vereadores
José Valdir e Juarez Pinheiro, eu quero lembrar que é prerrogativa do
Legislativo a formulação das Emendas. Apenas em um governo totalitário o
Executivo faz o Projeto da LDO e não é submetido ao Legislativo.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
da. oradora.) Vereadora, se passou na minha intervenção a idéia de que os
Vereadores não podem fazer Emendas, não foi o que quis dizer. Referi-me a duas
questões: a intervenção do Ver. Luiz Braz, dizendo que gastávamos 13 milhões em
um determinado tipo de propaganda; e a interpretação equivocada que, a meu
juízo, faz o Ver. João Dib na questão da saúde. Reconheço todo direito, mérito
e a tarefa do Legislativo. Nosso governo, Vereadora, com respeito ao Governo
Estadual anterior, tem acatado, aqui, as Emendas dos Senhores e Senhoras
parlamentares.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Eu recoloquei essa questão, porque o Ver.
José Valdir começou a sua intervenção falando de uma prática pouco séria da
oposição. Eu não sei a quem se referia o Ver. José Valdir. As discussões que
foram feitas aqui foram sobre posições políticas dos Vereadores. É um direito
dos Vereadores virem a essa tribuna e expressarem suas opiniões, se essas
opiniões não são as opiniões do Ver. José Valdir, eu sinto muito. São opiniões
dos representantes da população de Porto Alegre. Estamos, aqui, exercendo o
nosso direito de representação e de apresentação de Emendas. Então, não posso
admitir que isso seja colocado de uma forma não explicativa. Quem são esses
Vereadores que não são um pouco sérios? Quem são esses Vereadores de oposição
que não têm seriedade quando fazem intervenção? Isso deve ser recolocado e
muito bem explicado. Talvez, se fosse outra Bancada, já teria uma Comissão de
Ética sendo montada.
O
motivo que nos leva a vir a essa tribuna, Ver. Juarez Pinheiro, não é o fato de
ter o canal 16, pois já éramos, todos nós aqui, Vereadores de Porto Alegre,
antes disso. O fato de termos um canal de televisão não vai fazer com que os
governistas inibam a oposição. V. Exa. fique certo que isso não vai acontecer.
Outra
questão, muito bem colocada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, é do direito de
reapresentarmos Emendas todos os anos. Se é posição do segmento o qual
representamos que essas Emendas sejam recolocadas, é mais do que a nossa
obrigação fazer isso. Foi nessa direção, inclusive, que reapresentei a Emenda
para que se coloquem recursos na defesa dos direitos do consumidor de Porto
Alegre. Essa é a minha história política, esse é o meu compromisso, enquanto
Vereadora, entre tantos outros compromissos e eu vou recolocar todos os anos
que Porto Alegre continua sendo a capital mais cara do Brasil e isso se dá
exatamente a falta de uma política pública para este setor.
Mas
queria entrar na discussão de outras Emendas, além das Emendas que tenho
defendido durante anos a fio, na defesa de uma proposta turística para Porto
Alegre como uma forma de arrecadação de recursos para o nosso Município, a
defesa de uma política de treinamento, de capacitação dos funcionários públicos
do nosso Município, as Emendas que apresentei no sentido de que posamos ter
maior transparência da Administração Pública Municipal e de um maior
acompanhamento por parte desta Casa às decisões que são tomadas e implantadas
pelo Executivo Municipal. Então, foi nessa direção que apresentei uma Emenda,
rejeitada pela Comissão, mas que pedi destaque para discutimos.
Sr.
Presidente, para concluir, da inclusão dos demonstrativos analíticos de
investimentos e dos serviços demandados pela população, considerando-se
fundamental na consolidação das transparência e do acompanhamento por parte da
Câmara Municipal de Porto Alegre em relação àquilo que é reivindicação da
comunidade. Com isso, inclusive, vamos acabar com essa polêmica a essa denúncia
que nós fazemos: o não-cumprimento de obras que são apresentadas no Orçamento
Participativo é verdadeiro ou não. A Câmara Municipal vai ter um instrumento
muito mais efetivo de acompanhamento e de apoio à população na cobrança das
suas decisões. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para discutir o PLE nº 09/99.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Em
primeiro lugar trazer o debate que o Ver. Antonio Hohlfeldt registrou aqui.
Esta Casa, nos dois anos e meio que freqüento a Comissão e nos debates que fiz
aqui a respeito da Lei de Diretrizes Orçamentárias, vem tendo uma atitude - eu
digo esta Casa, Bancadas de situação e de Oposição vem tendo uma atitude muito
democrática, por quê? Porque nas outras duas Leis de Diretrizes Orçamentárias
que nós discutimos e aprovamos as Emendas da oposição, na sua totalidade, a
grande maioria foi aceita no debate, tanto na Comissão presidida por nós, como
nos debates de Plenário. Não é diferente, Ver. João Dib, da situação atual.
Portanto,
não existe o debate de que a situação não deixa que a Casa, os Vereadores de
oposição, façam proposições à lei orçamentária, não existe essa tese. Das 73
Emendas e Subemendas apresentadas até o momento, a Comissão de Finanças e
Orçamento já aprovou 49, já está aprovado no relatório quando nós votarmos o
Projeto com as Emendas, o que é um percentual de 70%. Portanto, a nossa Bancada
tem um diálogo democrático com a oposição já, de antemão, aceitando 70% das
Emendas. Vinte e quatro por cento das Emendas foram rejeitadas na Comissão, que
significa 30%. A partir de hoje, fazemos o debate das Emendas destacadas.
Queremos,
sim, fazer um debate sobre uma parceria relativa à questão dos medicamentos em
Porto Alegre. Apresentamos uma proposta alternativa sobre essa questão, de
fazer um estudo com parceria com a Fundação Estadual da Produção e Pesquisa,
para a produção de medicamentos para o Município. É uma proposta diferente da
sua inicial, mas que, na realidade, atingiria o objetivo que é o próprio
Município, em parceria, produzindo medicamentos. Estamos apresentando uma
proposta alternativa. Portanto, vamos afastar essa idéia de que aqui na Câmara
as Emendas à LDO não são aceitas pelos Vereadores da situação. Isso não é
verdade.!
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador Renato Guimarães, eu tentarei, no meu rápido aparte,
ter o mesmo brilhantismo que V. Exa.. Em primeiro lugar, eu quero dizer a V.
Exa. que a maioria das Emendas aprovadas se encontram na parte romântica do
Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias: são os anexos. As partes mais
duras, essas foram rejeitadas. E V. Exa. sabe muito bem que eu apenas fiz o que
está escrito na lei. Não tenho nada contra ninguém; só gosto de lei cumprida e
respeitada.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Ver. João Dib, sendo romântico ou não,
todos nós precisamos de um pouco de romantismo. Nós aceitamos as Emendas
românticas da bancada de oposição, mas queremos dizer que não consideramos que
a Emenda do Ver. Elói Guimarães, que trata da questão do transporte, que trata
de que a implantação dos controles eletrônicos não importará na dispensa de
cobradores, seja romântica. É uma Emenda importante, importantíssima,
referendando que, mesmo com a implantação das roletas eletrônicas, serão
mantidos os cobradores. Essa emenda não tem nada de romântico; pelo contrário,
é uma reivindicação dos trabalhadores do transporte coletivo em Porto Alegre. E
foi aprovada na Comissão.
Portanto,
faço novamente o registro de que o debate sobre a LDO, como o do Orçamento
Participativo é um debate muito democrático. E digo mais: no ano passado, do
conjunto de Emendas que passaram aqui na Casa, 88% foram aceitas pelo
Executivo. Portanto, esse é um quadro muito diferente do Congresso Nacional,
pois não sei se é o Primeiro Ministro Antônio Carlos Magalhães ou o Presidente
Fernando Henrique que enche a Casa de medidas provisórias, não dando espaço
para o debate como acontece aqui. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para discutir o PLE nº 09/99.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, muitas vezes, o respeito que eu tenho
pelos colegas é o maior, e, muitas vezes, nós debatemos aqui com argumentos que
podem até não ser agradáveis da situação para oposição e vice e versa. Mas
beira o tragicômico considerarem-se as Emendas por quilo, 60% aprovamos e 30%
rejeitamos, somos democratas por isso. Ora, o peso de uma Emenda, às vezes, é
mil vezes mais importante do que todo o pacote de 72 Emendas e subemendas que
estamos apreciando.
Então,
por favor, livros e Emendas não se fazem nem por quilo, nem por porcentagem, se
fazem por sua importância. E quando vejo no “Correio do Povo”, hoje, anunciado:
“ ... saúde vacinará contra a paralisia...”, não é a Secretaria do Município;
não está incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias, é o Ministério da Saúde.
O
Ver. Renato Guimarães não teve a coragem de dizer, por exemplo, que os 13%,
obrigados pela Lei Orgânica, não estão sendo empregados na área da saúde. A
população de Porto Alegre tem que saber que os 23 milhões mensais encaminhados
à Prefeitura Municipal, através do SUS, não figuram na LDO. Então, querer que o
Departamento Municipal de Água e Esgotos figure no item da saúde, quando é uma
autarquia, quando a Secretaria da Saúde tem uma rubrica própria, misturar as
duas, fica difícil. Pois, neste ano já foram consignados mais de um bilhão de
reais para a saúde. Ninguém falou nada, ninguém disse que aumentou a verba da
saúde no País. Agora, vemos na Lei de Diretrizes Orçamentárias a chance de
aquinhoar especialmente os postos de saúde que vão ser aumentados.
E
esses contratos para a área da saúde que agora estamos votando, por
Requerimento do Sr. Prefeito, vão ser pagos com o dinheiro vindo do Ministério
da Saúde. Foram mais dois milhões mensais, além dos 21 milhões: o teto mais o
impacto das portarias para o Sistema Único de Saúde de Porto Alegre; não
contando o Hospital Presidente Vargas, o Hospital Conceição, o Hospital de
Clínicas, o Ministérios transfere, mensalmente, 23,2 milhões, diretamente para
o Município de Porto Alegre. Isso são dados do Ministério da Saúde.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Exa. foi Superintendente do Hospital Conceição, até com grande
brilho, e sabe que esses recursos são absolutamente vinculados às AIHs e aos
atendimentos ambulatoriais. Pergunto a V. Exa. sobre os funcionários federais e
estaduais que estavam na semiplena, quando foi assinado o contrato, que venham
a falecer ou se aposentam, quem é que está repondo esses funcionários? É o
Governo Federal ou é o Governo Municipal?
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Essa pergunta não cabe, especialmente
para um Vereador da sua inteligência e da sua competência. Parece-me que é
evidente que se é semiplena, e o funcionário se aposenta, a lista de
concursados que existe na Prefeitura Municipal deve ser usada para substituir,
o que terminou, porque passa a ser função da Prefeitura Municipal.
A
verba foi aumentada em quase três milhões. Dizem que há muito tempo não há
reajuste. Não é verdade! Eu tenho documentos, inclusive, tenho a contabilidade
do Ministério que comprova que Porto Alegre é uma das cidades que mais recebe
recursos no Brasil. A cidade de Curitiba recebe quase 40% a menos que Porto
Alegre, tendo mais ou menos a mesma população.
Porto
Alegre, a Capital do Rio Grande do Sul, é hoje um centro de referência, por
isso ela recebe 42% a mais que as outras cidades, porque ela atende o interior.
A
Lei de Diretrizes Orçamentárias vem numa época em que existe pelo ar uma certa
desconfiança da própria população de Porto Alegre a respeito de onde são definidas
as rubricas. É fundamental saber que ou se faz prevenção ou não se faz saúde.
Nós precisamos de postos de saúde, eles até agora foram pagos pelo Ministério
da Saúde. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para discutir o PLE nº 09/99.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvi
atentamente os diversos pronunciamentos e como não poderia ser diferente,
vários pronunciamentos divergentes, o que é salutar dentro do processo
democrático.
Gostaria
de analisar algumas Emendas propostas por este Vereador; a primeira, relativa à
política de geração de renda. Estamos propondo que o Governo Municipal efetue
uma formulação de programas visando apoio às micro e pequenas empresas. Isso me
lembra o associativismo e o cooperativismo, que são importantes.
Já
falamos da nossa Emenda relativa à utilização das escolas públicas, nos
fins-de-semana, como ocupação de área de lazer, de recreação e de desporto.
Estamos
propondo, também, a implantação de coleta, na Cidade, em determinados pontos
que recebem resíduos de metais pesados. Hoje, mais do que nunca, se discute na
questão ambiental, na questão ecológica e Porto Alegre não dispõe de um lugar
próprio para receber, por exemplo, pilhas de rádios, as baterias de celulares.
Esses materiais, quando entram em contato com a água, poluem muito. São coisas
simples, mas estamos chamando a atenção para que sejam regularizadas o quanto
antes.
Estamos
propondo também a agilização e eficiência da máquina pública, através dos
processos e, inclusive, falamos nesta tarde sobre um Projeto relativo às
licitações. Mas, todos os processos da máquina pública têm que ser amplamente
divulgados, e fazer com que os cidadãos tenham acesso, o quanto antes, ao
processo. Aquele sistema de procurar informações via cadastro e fichas, é algo
moroso, e hoje não se permite mais isso. Entendemos que o Município tem
condições de viabilizar isso.
Outra
questão, que discutimos todos os anos, é sobre a viabilização relativa à
população da Zona Sul, com a implantação de um pronto-socorro. Hoje, na Zona
Norte de Porto Alegre, há um pronto-socorro, mas na Zona Sul, não. Hoje, se
alguma pessoa necessitar de um atendimento de urgência no Lami, terá que se
deslocar até o Hospital de Pronto Socorro, significando um deslocamento de mais
de 30km. Isso é inadmissível nos dias de hoje. Portanto, mais do que nunca,
esse assunto tem que ser discutido. Porto Alegre precisa de um hospital de
pronto socorro na Zona Sul. Isso tem que ser viabilizado, porque há espaço e
local. O Hospital Parque Belém seria uma boa referência. O Hospital Vila Nova,
apesar de todas as suas dificuldades, também seria uma outra referência. O
importante é que aproximadamente 300 mil pessoas que hoje residem na Zona Sul,
precisam desse atendimento.
Entramos
com uma Emenda relativa à implantação de políticas que visem ao fornecimento
permanente de medicação específica para doenças como: AIDS, diabetes e
pacientes transplantados. Até bem pouco tempo, para os postos de saúde, vinham
os medicamentos. Agora vêm recursos financeiros, e o que ocorre, muitas vezes,
é que pessoas transplantadas vão a um posto de saúde para procurar seu remédio
e, naquele momento, ele não existe. E nós sabemos que para uma pessoa transplantada,
por exemplo, aquele remédio é o diferencial entre viver ou morrer. O Município
tem que ter um fundo de reserva para que, a cada momento, aquele cidadão que
precisa do seu remédio o receba, e não pode ficar aguardando um prazo de quinze
dias, vinte dias, trinta dias, até conseguir o remédio, porque ele poderá
morrer.
Para
finalizar, a nossa última Emenda é relativa ao aumento da aplicação de recursos
na educação especial, dirigida aos alunos portadores de deficiência física,
sensorial, mental ou múltipla, bem como os superdotados e talentosos. Nós
sempre falamos nas pessoas portadoras de deficiências e nos esquecemos dos
talentosos e dos superdotados, que também são pessoas diferenciadas na visão de
alguns, mas que merecem tratamento como um todo. E, hoje, 12% da verba da
educação deve ser investida para este segmento da sociedade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra,
para discutir o PLE nº 09/99.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Lei
de Diretrizes Orçamentárias, como o próprio nome indica, articula uma série de
direções, propósitos, princípios, balizamentos às políticas nos mais diferentes
campos, que deve o Chefe do Executivo adotar no cumprimento das finalidades do
próprio Município. Então, eu fico a dizer que a quantificação orçamentária na
Lei de Diretrizes Orçamentárias, a meu juízo vem apressada e, se nós
compulsarmos o processo de Diretrizes Orçamentárias, nós vamos ver que ele é
vazio de informações. Ele não traz dados capazes de avaliarmos, tanto quanto
possível, tecnicamente, a questão da publicidade, por exemplo.
A
questão da publicidade, gastar-se um por cento, gastar-se 0,5%, calibra, ajusta
a necessidade institucional do Município, permite que determinadas matérias
sejam publicizadas? Eu perguntaria aqui e ninguém responderia. Estamos
trabalhando com um debate de xingamento, xinga para lá e xinga para cá, e não
se traz dados para que se possa fazer, a meu entender, uma aferição, esse é o
dado real, concreto, objetivo. Volto a frisar: a quantificação de matéria
orçamentária colocada no bojo da Lei de Diretrizes Orçamentárias, da forma como
é encaminhado o processo, é um jogo de adivinhações por assim dizer.
Parece-me
que o Executivo contribui nesse sentido, porque nas Diretrizes Orçamentárias
estabelece para a Casa, quando não precisaria fazê-lo, poderia se reservar na
Lei Orçamentária de estabelecer qual é o percentual da Casa, qual é a
fundamentação trazida no processo, na Lei de Diretrizes Orçamentárias para se
dizer que a Câmara Municipal deve gastar até 3,5. É um dado, do ponto de vista
processual, aleatório, trazido sem nenhum embasamento capaz de mostrar
efetivamente quais as necessidades da Casa.
Parece-me
que quantificar, estabelecer percentuais na LDO é antecipar um debate sem a sua
devida comprovação, sem a sua devida fundamentação, porque a Lei de Diretrizes
Orçamentárias, todos conhecem, estabelece diretrizes, linhas políticas nesse ou
naquele campo. O que fiz com a Emenda, quando articula a Lei de Diretrizes
Orçamentárias, que será estimulado o controle eletrônico, estabelecer uma
diretriz. Esse controle eletrônico, quando se fizer a leitura dos propósitos da
Administração, não incorporará a exclusão do cobrador de ônibus, em face da conjuntura
que estamos vivendo que não oferece emprego à população. Então, é uma
conjuntura onde o legislador tem que se precatar para poder oferecer condições
para estabelecer mecanismos de controle.
Portanto,
fica a minha crítica à antecipação na Lei de Diretrizes Orçamentárias à
quantificação orçamentária, na medida em que não temos produzidos materiais
capazes de dizer, neste ou naquele terreno, quais as implicações. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Sônia Saraí está com a palavra e
cede seu tempo ao Ver. Renato Guimarães.
Por
acordo dos Senhores Vereadores suspendemos as discussões e entramos no período
de votação.
Em
votação nominal o PLE nº 009/99 com as Emendas de n°s 01; 06; 07, com Subemenda
n° 01; 08; l3; l5; 18; 19; 20; 22; 23; 24; 26, com Subemenda n° 01; 27; 28; 29;
30, com Subemenda n° 01; 31; 32, com Subemenda n° 1; 33; 34; 35; 37; 38, com
Subemenda nº 1; 39; 41; 42; 43; 44, com Subemenda nº 1; 45; 47; 48; 49,
Subemenda nº 1; 50; 51; 52, com a Subemenda nº 1; 53; 64; 65; 66; 67. (Pausa.)
(Após a apuração nominal.) APROVADO o
Projeto e as Emendas cujos números nós já referenciamos, por 21 votos SIM e 02 ABSTENÇÕES.
Passamos
à votação dos destaques.
Não
há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h19min.)
* * * * *